Como foi a tua vinda?
Eu sou de Recife, vim de carro, foram sete dias na estrada, eu, a namorada e meu pai. Meu pai foi contra quando eu disse pra ele que vinha pra cá, só que aí rolou uns negócios na família e ele, aposentado, falou: “vou com você”. Aí ele veio, mas vai ficar até dezembro, e eu vou pra onde a música me mandar. Meu lance é música, descobri aos 13 anos, em casa era proibido, mas eu fui fazendo o que dava. Sou formado em produção musical, estou estudando Música agora na UFPel, que tem que estar estudando sempre. Tenho minhas aulas de canto particular, graças a Deus. Nesse momento estou sem aulas particulares, mas já estou com um professor que a gente já combinou de começar as aulas de novo, que é o mesmo da faculdade, que a gente faz técnica vocal lá.
E como foi a sua chegada aqui em Pelotas?
Cheguei há 40 dias. Foi bem tranquilo. Quando eu cheguei, rolou um impacto, porque você saiu do lugar que já estava familiarizado, da zona de conforto. Fiquei: “será que eu quero ficar e será que eu vou gostar da cidade?”. Mas aí fui ficando devagarzinho, sem atropelo, sem ansiedade. E fui gostando da cidade. No caminho a gente passou por outras cidades que eu gostei muito, como Tubarão e Joinville. E aqui é mais interior, para mim, que venho de Recife, três ou quatro milhões de habitantes. Mas eu gosto, eu resolvo tudo a pé. Isso é estranho e é bom ao mesmo tempo. Gosto muito da temperatura, mas a chuva dá uma atrapalhadinha, porque o cara ficar encharcado o dia todo não é tão interessante. A proximidade com o Uruguai é interessante, com a Argentina, estou até com a camisa (ver foto).
O que você está produzindo em relação à música?
A alma da minha música é rock. O som sai pop rock com uma pitada de reggae. Gosto muito de música brasileira. O que eu falo nas letras é como se fosse a terapia. O que tá dentro, é só colocar pra fora. É sempre autobiográfica em algum ponto. Por mais que sejam histórias que eu ouvi falar, que eu junto, que eu crio, que eu invento, que eu queria viver, que eu já vivi. É tudo falando de mim, para espelhar em quem escuta.
Como foi a reação da família pela tua escolha de seguir na música?
Eu canto desde os 13, mas era proibido, então eu tive muita barreira. Quando eu cantava, perguntavam se eu estava com dor de barriga, mandavam eu estudar pra concurso. Diziam: “música não, escolha outra coisa”. Só que não tinha como escolher outra coisa que não eu sou. Eu sou música. Era medo pela questão financeira, eu acho. Mas você vive uma vez só e não faz o que está no seu coração? A música eu faria até de graça. Fazer e obter retorno é mais incrível ainda. A bússola que é o coração, e você não vai seguir por quê? Tudo tem suas dificuldades. Mas eu sei o que eu quero, e sei o que eu não quero.