O boletim da Secretaria da Fazenda (Sefaz) registra retomada da atividade econômica do Estado em junho. Extraídos de documentos fiscais, os números refletem uma reação do setor produtivo após os prejuízos acumulados durante a tragédia climática. Os indicadores de determinados segmentos revelam que a atividade econômica do RS retornou a patamares semelhantes aos obtidos antes do mês de maio.
Setor industrial
Conforme a pesquisa, o setor industrial – em especial o da transformação – registra saldo positivo de 20% nas vendas em junho. No total, as comercializações da indústria somaram R$ 44,6 bilhões, um incremento de R$ 7,4 bilhões na comparação com maio. O resultado foi impulsionado pelos setores de energia elétrica e bebidas, que cresceram 11,8% e 11%, respectivamente.
Na avaliação do professor de Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Marcelo Passos, a recuperação robusta da indústria demonstrada pelo boletim é expressiva, especialmente porque o setor vem crescendo relativamente pouco nos últimos anos. “A retomada de 20% nas vendas em relação ao mês anterior marca uma retomada forte. Esperamos que se mantenha, mas não será fácil permanecer nesse patamar”, avalia.
Para Passos, a retomada do setor de energia elétrica pode sinalizar reativação e crescimento do setor da construção civil, assim como o da indústria também, especialmente a de cerâmica e cimento. “A retomada da construção civil vai impactar em breve o setor de serviços. Podemos esperar a divulgação do índice de crescimento nos próximos boletins”, complementa.
Segmento atacadista
No segmento atacadista, que abastece o varejo, o crescimento foi de 28% em relação ao mês anterior, acumulando R$ 17,6 bilhões em vendas em maio. O varejo também apresentou recuperação, com um aumento de 8,5% nas transações, e alcançou R$ 19,1 bilhões em vendas – um acréscimo de R$ 1,4 bilhão em relação a maio. Conforme o economista da UFPel, o crescimento é interessante e aponta a retomada do consumo das famílias que tiveram que repor seus estoques.
Segmento da agropecuária
Apresentando maior dificuldade de recuperação, o agronegócio vai precisar de mais investimentos para a retomada do crescimento. O segmento da agropecuária, que lida há três anos com dificuldades climáticas, apresenta retração. Especificamente em junho, a indústria das aves enfrentou redução de 13% nas vendas acumuladas nos últimos 12 meses.
O setor de bovinos também enfrenta queda consistente no último ano, e, da mesma forma, a indústria leiteira, com retração de 6,7% nas vendas acumulados nos últimos 12 meses. No setor suinícola, o decréscimo foi de 6,5% no acumulado dos últimos 12 meses.
Já a indústria do arroz mostra estabilidade ao longo dos últimos quatro trimestres. As vendas mensais de arroz eram de R$ 2,1 bilhões em abril; caíram para R$ 2,08 bilhões em maio e terminaram o mês de junho em R$ 2,01 bilhões. Passos acredita que a recuperação virá com a retomada da produção e dos investimentos também. “O apoio do BNDES já está sendo efetivado, assim como a ajuda do Governo Federal para o campo também está sendo implementada”, diz.
Entretanto, de acordo com o professor, a retomada para os próximos anos também deve depender das condições climáticas, do volume de chuvas dos meses de primavera e verão.