MP solicita lista de espera na educação básica em Pelotas

Déficit na educação

MP solicita lista de espera na educação básica em Pelotas

Órgão pede que lista seja divulgada de forma virtual; em Pelotas, são mais de mil crianças sem vagas

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Atualizado quinta-feira,
22 de Agosto de 2024 às 09:28

MP solicita lista de espera na educação básica em Pelotas
Bruna Oliveira aguarda a conclusão da Emei Vasco Pires para matricular o filho e poder retornar ao mercado de trabalho (Foto: Jô Folha)

O Ministério Público do Estado expediu uma recomendação às prefeituras e à Secretaria de Estado da Educação (Seduc) para que seja implementado um site com acesso público à lista de espera por vagas na educação básica. O requerimento tem prazo de 60 dias para ser acatado e assegura transparência sobre o cumprimento pelo poder público da obrigatoriedade de garantir o acesso à educação. Em Pelotas, o maior déficit de matrículas é na educação infantil, com 1039 alunos aguardando para ingressar na escola.

Conforme a Secretaria de Educação (Smed) de Pelotas, a medida será acatada. A pasta aponta que o bairro de maior demanda atualmente é Três Vendas, com 326 crianças aguardando vagas, seguido de Fragata, Areal/Laranjal e, por fim, Centro/São Gonçalo. O problema é considerado “crônico” pelo promotor regional de educação de Pelotas, Paulo Roberto Charqueiro.

Ele explica que na faixa etária entre zero e três anos a matrícula das crianças na escola é facultativa, no entanto, se os pais assim desejarem, é obrigação do município garantir uma vaga. Ainda de acordo com o promotor, outra determinação prevista em lei é que a concessão de vagas seja em educandários próximos à moradia do aluno em uma distância de no máximo dois quilômetros.

O cenário em Pelotas, pode ser considerado semelhante ao do país. De acordo com o IBGE, o percentual de famílias mais pobres que não conseguem vagas é quatro vezes maior do que o das famílias ricas, que podem matricular as crianças em creches particulares. Diante do desafio do ingresso a essa etapa escolar, Charqueiro destaca que a determinação do MP-RS é uma ferramenta que busca garantir transparência no acesso à educação. “Isso é o cumprimento de uma lei. Assim você acompanha a demanda que se tem por vaga”.

A escassez de Emeis

Em uma Kombi em frente às obras da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vasco Pires, Bruna Oliveira, 23 anos, aguardava com o filho de três anos o marido que trabalha na construção. A jovem está desempregada porque ao se mudar para o bairro Dunas não conseguiu transferência do pequeno Sebastian para uma Emei na região. “Não tem como voltar a trabalhar porque não tem quem ficar com ele. A gente estava gastando quase R$ 500 de gasolina por mês para levar ele”, conta.

Sem condições de custear uma creche particular, a Emei é a única opção de Bruna para o ingresso do filho na escola (Foto: Jô Folha)

Após várias tentativas em escolas mais próximas de casa, Bruna chegou a recorrer até o Conselho Tutelar, mas sem sucesso. Ao procurar as diretoras da Emei ela teria sido aconselhada a colocar a criança em uma creche particular. “Mas a mais barata que eu achei era R$ 1,5 mil, é o valor do meu salário”, argumenta.

Mais de 12 anos após ter sido anunciada pelo programa federal Proinfância, no final deste ano a construção da Emei Vasco Pires, muito aguardada pela comunidade, deverá ser concluída. Essa é a esperança de Bruna, que vê na escola a única chance de conseguir acolhimento para o filho.

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