O conceito de “cidades inteligentes” (smart cities), tem sido um dos termos mais comentados dentro de discussões que englobam o desenvolvimento sustentável dos centros urbanos e a busca pela qualidade de vida de seus moradores. Contudo, muitas pessoas ainda não têm conhecimento do que se trata o tema, as características que o compõem, como ele pode ser aplicado no dia a dia, seus benefícios às cidades, e especialmente como Pelotas e Zona Sul se encaixam nesse modelo inovador de crescimento.
Conforme instrui a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes – iniciativa lançada em 2019 pela secretaria nacional de mobilidade e desenvolvimento regional e urbano (SMDRU) – as cidades inteligentes são aquelas que estão alinhadas com o desenvolvimento urbano e a transformação digital sustentáveis, na esfera econômica, ambiental e sociocultural. Um de seus atributos principais é utilizar as tecnologias como uma ferramenta para auxiliar na gestão urbana, incluindo solução de problemas, criação de oportunidades, oferecimento de serviços, redução de desigualdades e melhoria da qualidade de vida coletiva.
O gerente regional do Sebrae RS, Ciro Vives, tem trabalhado modelos do tema no meio empreendedor. Ele descreve uma cidade inteligente como aquela que une tecnologia, urbanização de qualidade e sustentabilidade dentro de um mesmo ambiente, funcionando de atrativo para quem vem conhecê-la. “Uma série de atributos e, ao mesmo tempo, benefícios para quem ali vive, para quem vem conhecer, que são interligados. Uma cidade limpa, bonita, aprazível e receptiva”, define o gestor.
Quartier é um exemplo em Pelotas
Um dos espaços inovadores em Pelotas, o Quartier é um bairro planejado que representa um novo estilo de vida da população. Segundo Claudio Teitelbaum, diretor responsável pelo desenvolvimento do bairro, o Quartier prioriza o urbanismo sustentável, a ecoeficiência e a conexão entre as pessoas, que pode induzir a disseminação de projetos semelhantes na cidade. “A integração entre o residencial e o empresarial, o individual e o coletivo, o conforto e o entretenimento promove um ambiente propício à inovação e certamente deverá influenciar a cidade na criação de novos bairros”, afirma Teitelbaum.
Una foca na tecnologia
O Parque Una é outro exemplo de projeto em Pelotas que aplica o desenvolvimento sustentável e o uso da tecnologia para a melhoria da qualidade de vida dos moradores. O bairro conta com áreas de paisagismo, junto com um lago artificial que se insere no espaço verde, painéis solares que promovem a eficiência energética e iluminação LED, além de integrar infraestrutura para bicicletas, planejamento urbano que prioriza a caminhabilidade e acessibilidade e facilitação de acesso também ao transporte público.
Desafios pela frente
Na visão de Vives, Pelotas já conta com iniciativas que caminham em direção ao conceito de cidade inteligente. Alguns exemplos que podem ser citados são o Parque Tecnológico, os bairros planejados Una e Quartier, o acesso à BR-116 que foi melhorado e um total de 16 rotas turísticas já desenvolvidas. Mesmo assim, para o gestor do Sebrae RS, há um caminho a ser percorrido. A começar pela intensificação do trabalho conjunto entre sociedade civil, governo, universidade e empresas, com um olhar mais propositivo para o ganho de escala global. “Há um olhar de desenvolvimento, mas ainda muito com compromisso próprio. Acredito que tem que ter uma atuação de tempo maior e um trabalho conjunto melhor”, avalia.
De acordo com o diretor-presidente da Companhia de Informática de Pelotas (Coinpel), Fernando Martins, pensa-se em tecnologia, na cidade, em momentos diferentes, cumprindo algumas etapas básicas, com uma cultura que possa trazer maior comodidade e qualidade de vida para a população. “Deve pressupor segurança e uma estrutura capaz de garantir a utilização de serviços públicos sem quebra de continuidade. Além disso, pensamos cidades inteligentes com um conceito de sustentabilidade”, afirma. O município está em fase de implantação de sistemas inteligentes para otimizar as necessidades dos usuários do serviço público: