“Aqui é a minha segunda casa”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira28 de Novembro de 2024

Abre aspas

“Aqui é a minha segunda casa”

Lauro Prates Filho é zelador do Clube Caixeiral de Pelotas há quase três décadas

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“Aqui é a minha segunda casa”
Zelador tem quase metade da vida dedicada ao Caixeiral (Foto: João Pedro Goulart)

Neste sábado é comemorado o Dia Nacional do Patrimônio Cultural. Lauro Prates Filho, 61 anos, é zelador do Clube Caixeiral de Pelotas. Há quase três décadas ele presta serviços de limpeza e cuidado a um dos prédios históricos mais marcantes da cidade, garantindo que ele seja mantido em boas condições para as futuras gerações.

Como a sua história se confunde com a do Caixeiral?

Eu trabalhei por quatro anos, a partir de 1992, saí e depois voltei em 2000. Desde que voltei, já faz 24 anos que trabalho aqui. Uns 28 anos de trabalho. Eu faço de tudo um pouco. Um pouco de elétrica, trabalho com madeira hidráulica e aqui tem todo esse tipo de serviço. Trabalho de garçom também, na portaria, sempre tem serviço. Aqui eu me sinto bem. Na verdade, aqui é a minha segunda casa. Eu acho que tudo que você faz na vida tem que ser com amor. Eu só fico onde me sinto bem.

Como é a sua relação com quem já passou pelo clube?

Os patrões de todas as épocas, sempre me dei bem com todo mundo. As duquesinhas, as princesinhas do clube, hoje elas são casadas, são mães. Esses dias, esteve aqui uma que era da diretoria de 92. Na época, as filhas dela tinham seis, sete anos de idade. Hoje estão casadas, morando em Goiás. Ela bateu uma foto comigo para mandar para as filhas. E as filhas disseram ‘não acredito que o Lauro ainda está aí no Caixeiral!’ Eu me sinto bem, que as pessoas que passaram por aqui lembrem de mim. Eu acho que o que se planta, se colhe. Se você fizer uma coisa boa, vai ser retribuído.

Quais memórias te marcaram?

Os eventos de carnaval, que eram muito fortes aqui. Nós chegamos a tirar as aberturas internas dentro do clube para caber mais gente. E ainda ficava gente na rua. Grandes festas, formaturas grandes. Um prédio histórico também.

O que você precisou aprender nesse período para cuidar do clube?

Eu fiz um curso básico de restauro na escola. Vieram professores da Itália, da França, dar aula para nós. E a gente aprendeu sobre essas colunas ornamentais do clube. Quando são ornamentais, fizeram só para uma mulher, ou uma mulher que fez para ela mesma. E quando é lisa foi para homem, não tem mulher envolvida. Isso tudo a gente aprende. Um prédio que nem esse, da volta da praça, para mim é o mais bonito que tem.

Quais os detalhes do prédio que você mais gosta?

A arquitetura, porque eu gosto de trabalhar com madeira. Isso aqui é uma arquitetura que nunca mais alguém vai fazer igual. Os assoalhos de pinho de riga, a espessura das madeiras, o forro, as paredes. Os trilhos que amarram as paredes tem 50 centímetros de tamanho. Isso aí eu só vi em filme. Como eu faço a manutenção, a atual diretoria mandou fazer as formas para poder arrumar o forro, eu fui lá consertar e vi toda a estrutura. Uma estrutura que raramente se encontra. […] Eu me sinto contente de ver que a atual diretoria está trabalhando para manter o clube aberto, porque hoje em dia é tudo muito caro. Fico feliz com isso. E como eu disse, tem que ter amor para trabalhar.

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