Reginaldo Bacci é candidato a prefeito de Pelotas pelo PDT. Ele disputa em chapa pura, com a professora Graziela Ramalho como candidata a vice-prefeita. Bacci é o segundo entrevistado na primeira rodada de entrevistas que o A Hora do Sul faz com os candidatos ao Executivo de Pelotas. Amanhã será publicada a entrevista de Irajá Rodrigues (MDB).
Por que ser prefeito de Pelotas?
Ser prefeito de Pelotas é um sonho antigo. Eu sou fruto da educação de qualidade que eu tive no Colégio Pelotense e eu fugi de uma situação de uma família com poucas posses. Você pode entender a dor do outro quando você se coloca no lugar dele, e para mim que fui servidor público federal, sempre tive essa questão de servir ao povo. O desafio é administrar uma cidade como Pelotas, que foi praticamente liquidada nesses últimos 12 anos pelo governo do PSDB. A gente foi se tornando uma cidade cada vez mais acanhada, saímos de segunda e hoje já somos a quinta cidade do estado. Sou candidato a prefeito porque acredito sinceramente que consigo me colocar no lugar do outro e perceber a dor do outro. Esse modelo do PSDB, de juntar dez partidos e depois lotear a cidade entregando para que esses partidos administrem a seu bel prazer, é um modelo que está fadado ao fracasso. Esse modelo levou Pelotas à situação em que ela se encontra. Uma cidade feia, esburacada, sem saúde e sem educação, com uma dívida que vai bater a casa de R$ 1,2 bilhão no final do ano.
Quais são os principais desafios de Pelotas hoje?
No ano passado Pelotas ia receber até dezembro R$ 15 milhões do SUS, mas poderia ter recebido R$ 64 milhões. Não recebeu porque a secretaria de Saúde de Pelotas não fez o dever de casa por falta de gestão, falta de inteligência. Como eu morei 25 anos em Brasília, conheço as pessoas que trabalham nos ministérios. Tem muito recurso público federal que a gente pode captar com bons projetos. Além disso, existem recursos internacionais de vários organismos mundiais. A gente precisa levar para eles o projeto do dique do Laranjal, do calçadão elevado. O PDT se propõe a ser uma alternativa num projeto de cidade, não um projeto de poder.
A zeladoria é uma das principais reclamações da população, como resolver?
Primeiro que a gente tem que ter um padrão de calçadas. Quando você tem um padrão, você tem escala, quando você tem escala, tem menor preço. A questão das valetas, do saneamento, a gente precisa imaginar o que vai fazer com o Sanep, que lamentavelmente virou um cabide de emprego. Nós temos que reestruturá-lo para captar recursos privados. Para isso ela tem que estar preparada, ninguém vai colocar dinheiro numa autarquia que não tem a capacidade de pagar. O problema de Pelotas é a falta de gestão. Lamentavelmente, o serviço público se tornou um espaço de políticos profissionais que ganham dinheiro com a sua atividade política. Quando a gente cria emendas impositivas para vereador, eu tô dando um tapa na cara da sociedade e dizendo que eu quero manter esses mesmos 21 vereadores para o resto da vida, e não é isso que o modelo democrático pressupõe.
Diante dos impactos das enchentes de maio, como Pelotas pode se adaptar para as mudanças climáticas?
Além de se tornar uma cidade resiliente, Pelotas tem que ser uma cidade responsiva. A população tem que se unir e debater um novo plano diretor. Eu não posso chegar para aquela família que tá na beira do São Gonçalo e corre risco de ser afetada e tirar dali na marra. Algumas populações não podem ficar onde estão porque são áreas de muito risco. Eu também preciso pensar numa área onde eu possa ter nova atração de empresas. Fico muito triste quando eu vejo que temos um governador de Pelotas e ele é incapaz de conversar com algumas empresas que foram atingidas pelas enchentes na região da grande Porto Alegre ou na Serra e que querem sair do Rio Grande do Sul e oferecer espaços em Pelotas. Não temos um distrito industrial onde a gente possa oferecer uma infraestrutura mínima para empresas.
Numa candidatura sem coligação, como convencer a população das propostas do PDT?
Quando converso com vereadores, inclusive de partidos da coligação do PSDB, e alguns até do PL e do PT, todos têm a mesma conclusão: Reginaldo Bacci é o melhor candidato para Pelotas. Tu lembras da campanha do Rigotto, que estava sozinho, isolado, todo mundo brigando e ele veio por fora e ganhou. Nas duas vezes que o PDT ganhou a prefeitura de Pelotas, ganhou saindo do último lugar sem nem pontuar nas pesquisas. A estratégia será mostrar pra comunidade no corpo a corpo. Eu vou caminhar 20 a 25 quilômetros por dia para dizer para as pessoas que nós juntos temos capacidade de fazer mais e melhor por Pelotas. Nós não temos recursos, ao contrário do PT, do PL e do PSDB. A gente tem preparo e muita vontade de transformar Pelotas.
Por que a tentativa de aproximação com o MDB não deu certo?
Se o MDB viesse conosco, estaríamos numa situação mais favorável. A dificuldade é que o doutor Irajá aos 88 anos compreende que deve ser o candidato a prefeito e a executiva do PDT avalia que dificilmente ele conseguiria fazer uma campanha de corpo a corpo, de caminhar 20 a 30 quilômetros para abraçar, beijar o eleitor. A estratégia do PDT não bateria com a estratégia do MDB, porque a nossa estratégia é ir para vila, fazer com que as pessoas reconheçam em Reginaldo Bacci o PDT de Leonel Brizola, de Getúlio Vargas, de Alberto Pasqualini, o PDT é de Darcy Ribeiro. A executiva do PDT entendeu que, dada a situação da idade já avançada do doutor Irajá, ele não conseguiria contribuir nessa estratégia e talvez pudesse contribuir como vice-prefeito, mas ele se nega a ser vice-prefeito e entende que tem que ser o candidato.