Morreu o violonista e seresteiro Milton da Costa Alves, 85, ex-integrante do regional de Avendano Júnior. Conhecido como Milton Sete Cordas, era um dos mais importantes músicos do choro pelotense. O sepultamento ocorreu na tarde desta segunda-feira (12), no Cemitério São Francisco de Paula, e o cortejo de despedida dos amigos e companheiros das noites de seresta e chorinho foi com música. O músico estava hospitalizado tratando um câncer.
Apesar da idade seguia tocando seu icônico sete cordas, nas rodas de choro do Mercado Central e, mais recentemente, no Utopia Casa Bar.Em nota, o proprietário do Utopia lamentou a morte do músico, considerado um dos pilares da cultura do choro pelotense. “Não era apenas um talentoso músico, mas uma alma generosa, cuja paixão pela música transcendeu as notas e tocou o coração de todos que tiveram o privilégio de conviver com ele.”
Uma longa e entusiasmada atuação na boemia pelotense que deixa um legado para novos nomes do samba e do choro como: Gustavo Haical, Pedro Nogueira, Endrigo Pereira, Humberto Schumacher e Dani Ortiz. Músicos que, no adeus ao ídolo, interpretaram composições de Avendano, a exemplo de Doce balanço e Assim traduzi você.
Parceiros desde o quartel
Alves antes mesmo de se tornar parceiro musical do celebrado cavaquinista Avendano, que morreu em 2012, foi seu incentivador. A dupla de instrumentistas se conheceu quando serviam o exército e Avendano levou um violão com apenas uma corda. “Se tu queres tocar choro, é melhor que tu compres um cavaquinho”, aconselhou ao amigo que estava aprendendo a tocar violão. O relato foi gravado em vídeo e integra o projeto Acervo do Choro, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
“Foi um processo bonito deles, durante anos eles foram desenvolvendo a parceria e tocaram muito juntos, mais tarde o Milton apresentou o Aloyn Soares (violonista) a ele”, comenta o flautista e professor Raul Costa d’Ávila, da UFPel.