Moradores do Pontal da Barra reuniram-se nesta quarta-feira (7) com a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) para receber as respostas sobre a reconstrução da localidade, fortemente atingida pelas cheias da Lagoa dos Patos em maio.
O encontro ocorreu após o grupo de moradores ter ocupado a prefeitura na manhã de terça-feira (6), alegando não ter respostas do poder municipal sobre material para a construção das moradias destruídas e da via de acesso ao Pontal.
De acordo com Paula, o município firmou parceria com a iniciativa privada para a compra do material de construção, com o complemento de materiais do banco municipal. Não há, no entanto, previsão de quando eles serão entregues às famílias que perderam suas casas.
“Não temos recursos extras para este tipo de coisa. Vamos comprar porque a iniciativa privada se mobilizou. A gente tem queda de arrecadação, como todos os municípios atingidos, tivemos o retorno do ICMS abalado”, justificou Paula. “Dependemos dos fornecedores terem o material para entregar”, completou.
A secretaria de Serviços Urbanos iniciou o aterramento da via, mas teve que paralisar por conta do mau tempo e umidade do solo. “Seguimos atentos, à medida que o tempo permita [para dar sequência aos trabalhos]”.
A prefeitura pretende solicitar R$ 850 mil de verbas ao governo federal destinadas à reconstrução do Estado para a proteção do Pontal. “Vamos cadastrar até a sexta-feira. Temos a expectativa de que este recurso não demore, para colocar as pedras”, prometeu Paula.
Moradores aumentam tom
Após respostas às perguntas, os cerca de 40 moradores do Pontal se manifestaram e aumentaram o tom na fala à prefeita. A comunidade queixa-se da dificuldade de comunicação com a prefeitura, o que faz com que os problemas não sejam resolvidos. “[Depois que viemos aqui] Não demorou 20 minutos para irem lá solucionar o problema, que era o acesso”, protestou um morador.
“A minha casa está toda quebrada. Estamos há 40 dias esperando uma resposta. Se não tem como pagar o aluguel social, vocês têm que dar preferência para o Pontal da Barra. Eu não vejo essa preferência”, completou outra moradora.
Paula justificou que o município não aderiu ao Aluguel Social, programa estadual de auxílio aos atingidos pela enchente, porque não há condições financeiras de arcar com a contrapartida – que é de 50%.
“São senhores de 70 anos que estão aqui falando com a senhora, pessoas que tiveram o empreendimento totalmente destruído. Estamos desde setembro esperando projetos serem cadastrados [de proteção ao Pontal]. A gente não queria estar aqui [na prefeitura], mas é difícil porque não fizeram [soluções] e nem deram prazos. Estamos há 38 dias pedindo. Muitas coisas já poderiam ter sido resolvidas”, desabafou Fabiane Fonseca, moradora do Pontal. “O Pontal é a nossa comunidade tradicional, a gente nasceu ali. É a nossa razão de viver”, completou.
Prefeita responde
Paula rebateu. “Quantos prefeitos tiveram com vocês no Pontal? Quantos investiram R$ 600 mil para fazer a estrada? Quantos estão indo atrás de recursos? Nós fomos destruídos, sou vítima que nem vocês, prefeita de uma cidade que foi destruída. Se tem alguém que entende o drama do Pontal, que é uma área de risco, eu entendi ouvindo vocês e vendo com meus próprios olhos que é uma área que diz respeito à vida e à ancestralidade de vocês. A prefeitura busca com as condições que têm, que são muito difíceis, responder [às demandas da comunidade].”
Ao fim do encontro, os moradores entregaram um documento com as demandas, na expectativa de ter os problemas, finalmente, solucionados ou amenizados.