Em uma concentração de várias entidades e sindicatos de órgãos da segurança pública do Estado, a terça-feira (30) foi de protestos em frente à Assembleia Legislativo e pelo interior com a convocação extraordinária do governador Eduardo Leite (PSDB) para apreciação de três proposições, todas relativas à carreira dos servidores do Poder Executivo. Sem avanço nas negociações sobre o reajuste salarial 2024 (12,49% pagos em parcelas), as categorias estão mobilizadas e acenam para paralisações.
Em frente ao Presídio Regional de Pelotas (PRP), aprovados no concurso para a Polícia Penal reivindicaram mais vagas e expuseram falhas no sistema, com o déficit de cinco mil postos de trabalho no RS, sendo que há 1.734 aptos a estarem nas suas funções. O porta-voz dos manifestantes em Pelotas, Luciano Pereira, faz críticas à falta de efetivo, enquanto há quem aguarde nomeação. “Há exemplos em casas prisionais em que têm 110 presos e três agentes de plantão”, afirmou ele.
Sem contar que do total de nomeações (648) já foram 95 desistências. O mesmo ocorre com os agentes administrativos, que dos 224 nomeados, 45 foram para outras funções. “Nós estamos reivindicando nossas vagas. Colegas não estão aguentando a sobrecarga e abreviando suas vidas”, pontuou.
No RS, este ano foram três mortes e algumas tentativas de suicídio, segundo ele. Pereira destaca que ainda há cerca de 500 PMs nas cadeias e que eles poderiam estar nas ruas fazendo o trabalho ostensivo e, pelas bonificações, supriram a contratação de policiais penais.
Fiscalização
O protesto ganharia coro dos agentes penitenciários, mas uma visita do Ministério do Trabalho e Vigilância da Saúde à casa prisional na manhã desta terça esvaziou o manifesto. Situação vista como positiva, pois o órgão do Estado pode conferir as condições de sobrecargas dos servidores.
De acordo com a representante sindical Janice Quinzen Willrich, foi alertado sobre a preocupação da retirada da guarnição da Brigada Militar da guarda externa do PRP, sem a reposição do quadro funcional por agentes. “O que aumenta ainda mais o déficit, diante de novas atribuições”, argumentou.
BM e Bombeiros
Na reunião com as entidades ligadas aos Bombeiros Militar e Brigada Militar sobre a adequação do PL-240 (reajuste), ficou claro que o percentual não atende às demandas, principalmente, por ser o valor absorvido pela parcela de irredutibilidade. As categorias pedem 32% de reposição da inflação mínima e retorno da verticalidade salarial.
Paralisação em agosto
O conselho de representantes do sindicato que representa os policiais civis decidiu realizar uma paralisação de 48 horas nos dias 8 e 9 de agosto, após uma avaliação das recentes mobilizações da categoria e negociações com o governo. A mobilização da Associação dos Delegados de Polícia Civil já está em curso com a não divulgação das operações policiais e veto às entrevistas para a imprensa.