“A música é um pedaço da minha alma”
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“A música é um pedaço da minha alma”

Pai e filho transformaram paixão pela música em renda através da comercialização de discos LPs no Calçadão de Pelotas

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Atualizado terça-feira,
30 de Julho de 2024 às 11:21

“A música é um pedaço da minha alma”
Celso e Enzo compartilham a paixão pela música e vendem LPs. (Foto: Douglas Dutra)

Enquanto o streaming está sólido como o principal meio de consumo musical, a mídia física resiste entre os amantes da música e os audiófilos que prezam pela qualidade do som. Em pleno Calçadão de Pelotas, Celso Correa, de 48 anos, e o filho Enzo, de 17 anos, compartilham a paixão pela música e vendem LPs de um acervo que inclui álbuns clássicos que vão do MPB ao rock progressivo, passando pelo pop dos anos 1970 e 1980.

Como surgiu a ideia de trazer esse acervo para venda?

Enzo: A gente começou a colecionar vinil mais ou menos em 2015, em Rio Grande, onde a gente morava. Meu pai comprou uma coleção inteira do Guns N’ Roses e a gente acabou viciado em vinil, comprava toda a hora. Lá por 2018, nos mudamos para Santa Catarina, e quando o pai voltou a gente estava mal de grana e pensou em ganhar dinheiro com uma coisa que a gente gosta, foi quando o pai veio para Pelotas fazer o Mercado das Pulgas, e deu certo.

Celso: Pelotas é uma cidade ultracultural e ultramusical. Diferentemente de outras cidades em que estive, é um lugar próspero para a questão vintage da música. O pessoal descobriu que o streaming é legal até ali, mas não dá essa vibe de pegar o material na mão, analisar, ver as letras. Tu não ganha um streaming de presente, mas um disco tu pode presentear. Aqui o pessoal gosta muito de rock n’ roll, MPB também é muito forte e pop dos anos 80, Madonna, Michael Jackson, Tears for Fears…

Como é relação de vocês com a música?

Celso: A música liga eu e o meu filho, a gente compartilha os gostos, e nisso o vinil ajudou a consolidar.

Enzo: Para mim, a música é um pedaço da minha alma.

Como é o contato com os clientes?

Enzo: Tem um nicho muito grande de colecionadores de vinil em Pelotas, e a gente vê muitos casos de pessoas que querem pegar as capas porque são bonitas para emoldurar e acabam conhecendo, ou que gosta da cultura vintage e quer ter isso em um canto da casa. Às vezes, não conhecem nada e a gente mostra algo para ela ter um gosto, geralmente MPB. Mas a maior parte das pessoas já conhece o mundo do vinil.

Celso: 60% do nosso público é adolescente, e eles procuram basicamente MPB, e isso é maravilhoso, ver a galera consumindo isso.

Quais são os discos que mais saem?

Celso: O que é mais procurado hoje, em todo o Brasil, são os grandes da MPB e aqueles quatro grupos que não vão fugir à regra em lugar nenhum do mundo: Led Zeppelin, Pink Floyd, Beatles e Iron Maiden.

Qual foi o disco mais raro que já passou por vocês?

Celso: Acho que foi Frank Sinatra e Tom Jobim, de 1967, original, estava intacto, perfeito. Tem um de 1966 da Elis.

Enzo: Acho que o mais raro que passou foi o do Rolling Stones, Sticky Fingers (1971), que tem o zíper que saiu só a primeira edição com o zíper de verdade. Acho que foi o mais raro que a gente teve.

Qual é a faixa de preços dos discos?

Celso: A gente fez um comércio bem sólido entendendo o que acontece com os discos novos, que custam em torno de R$ 350 a R$ 400. Os nossos, a gente não vende a esses preços porque são usados, às vezes tem as primeiras tiragens num estado legal e faz a metade do que está um novo. Tem discos maravilhosos da MPB que custam R$ 60, R$ 70, que é o valor que a gente vende e todo mundo fica feliz.

Enzo: Nossa faixa de preços é de R$ 10 a R$ 30 discos mais aleatórios, como coletâneas. De R$ 40 a R$ 60 alguma coisa de MPB, como Maria Bethânia, Gal Costa, de R$ 60 a R$ 90 MPBs raros, e de R$ 100 a R$ 200 álbuns bem difíceis de achar, álbuns raros de rock, de bossa nova. Geralmente R$ 200 é o nosso máximo.

E quem quiser entrar em contato com vocês e conhecer o acervo?

Celso: É só nos chamar no Instagram, @blackplasticlp.

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