Turismo da Fenadoce estimula outros setores em Pelotas
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira27 de Dezembro de 2024

Movimentação de visitantes

Turismo da Fenadoce estimula outros setores em Pelotas

Visitantes aproveitam para conhecer a cidade e fomentam a atividade econômica nos campos de comércio e serviços

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Turismo da Fenadoce estimula outros setores em Pelotas
Museu do Doce é atrativo especial para quem vem a Pelotas para a Fenadoce (Foto: Jô Folha)

Além de gerar cerca de 1,5 mil empregos diretos e dois mil indiretos neste ano, a Fenadoce também influencia na atividade turística, no setor de serviços e no comércio em geral de todo o município, já que normalmente os visitantes não ficam apenas no Centro de Eventos, mas aproveitam para conhecer a cidade e a região. Além disso, esta edição é a primeira em que a feira acontece com Pelotas intitulada oficialmente como Capital Nacional do Doce, o que gera maiores expectativas.

Ainda que o foco do momento seja direcionado à Fenadoce, alguns turistas atraídos pela feira acabam visitando também a zona central da cidade, até mesmo para comprar doces. A Rua do Doce é o local preferido pelos visitantes, e fica praticamente imersa no Calçadão, ao lado do Chafariz das Três Meninas, um dos cartões postais. A doceira Andreia Costa, de 37 anos, que trabalha em uma das bancas do Centro, conta que vendia os doces na feira há alguns anos, mas começou a notar que havia uma oportunidade de atuação também na cidade, durante o período do evento.

Mesmo com vendas volumosas na feira, Rua do Doce tem aumento da movimentação durante o evento (Foto: Jô Folha)

“O pessoal também vem visitar os museus, os casarões, o Mercado Público, o pessoal que está no hotel também, que vem comprar doces. A gente resolveu se dedicar para esse outro público, que de repente visita a feira, mas quer comprar o doce fora com mais calma”, disse. “Ontem, vendi doce para uma pessoa do Maranhão”, lembrou a doceira.

Ela também destaca a importância e todo o potencial que envolve a divulgação de Pelotas como Capital Nacional do Doce, considerando este um dos grandes vetores para o sucesso econômico da cidade, não apenas nessa época do ano. “Faz diferença, sim. Porque a propaganda é a alma do negócio e isso se expandiu. Nós atendemos aqui até pessoas de outros países, e tudo que se sabe é que Pelotas é a Capital do Doce”, afirma.

Mercado das Pulgas movimentado

O reflexo da Fenadoce no movimento de vários setores também é percebido por Tiago Ribeiro, 38 anos, vendedor de antiguidades no Mercado das Pulgas. Neste mês de julho, por ser aniversário de Pelotas, foi permitido que o comércio localizado no Largo do Mercado Central acontecesse em mais dias do que normalmente, o que coincidiu com as novas datas da feira, adiada em função das cheias. Segundo o comerciante, desde o dia da abertura do evento as vendas aumentaram cerca de 60%. “Está sendo espetacular, tem várias excursões, movimenta bastante, e é bem rendoso pra gente”, avalia Ribeiro.

Mercado das Pulgas e outras feiras do Mercado Central movimentam o comércio formal e informal (Foto: Jô Folha)

Na comparação com a feira em outras temporadas, Ribeiro considera que este ano foi diferente, já que os comerciantes conseguiram ocupar o seu espaço característico mais vezes durante a semana. “Os visitantes têm esse tempo de explorar o nosso trabalho”, declara. Além disso, o comerciante enxerga resultados em setores diversos.

“A Fenadoce colabora muito para nós que ficamos dias esporádicos aqui, e melhora bastante para a cidade em si. A minha cunhada tem um comércio e movimenta bastante. O pessoal vem com família, que ficam alojadas ou em hotéis ou ficam em algum familiar”, acrescenta.

Demanda cresce em restaurantes

Proprietário de um restaurante da parte interna do Mercado Central, Rogério Barreta atua há mais de 11 anos na função de gerente. Como fica dentro de um local turístico, o estabelecimento de Barreta está na linha de frente para a recepção de forasteiros na cidade. Por isso, ele avalia que não só a Fenadoce, mas qualquer evento que aconteça em Pelotas gera bons frutos a várias camadas economia local.

“Quando tem a Fenadoce, a ExpoArroz, essas feiras trazem gente de fora para a cidade. O primeiro lugar a que eles vêm é o Mercado Público. Somos o coração da cidade”, diz o gerente. “Desde o início da feira, o movimento aumentou uns 40%, 50%. Porque recém começou. Até o final da Fenadoce, acredito que vai a uns 70%, 80%”, calcula.

O dono do restaurante salienta que Pelotas é uma cidade muito benquista pelos turistas, e não tanto pelos próprios pelotenses. O resultado na movimentação de pessoas de fora da cidade o surpreendeu, levando em conta o período pós-enchentes, somado a todas as problemáticas estruturais e de adiamento enfrentadas.

“Tem muita gente de Porto Alegre descendo pra cá, de Caxias […] O pessoal gosta muito de Pelotas. É uma cidade encantadora, para se visitar todos esses aspectos, não só a feira”, reconhece Barreta. “Temos que vender Pelotas, tem tantos atrativos que as pessoas não conhecem, que nem o pelotense conhece”, propõe.

Turistas pela cidade

Na manhã da última quinta-feira (25), a porto-alegrense Ana Paula da Silva, 39 anos, circulava pela Praça Coronel Pedro Osório. A turista visitava a cidade pela primeira vez, acompanhada do pai cadeirante. Aproveitando o início do dia, quando a Fenadoce – motivo principal da viagem – ainda não havia liberado o acesso ao público, resolveu passear pelo Centro e conhecer os prédios históricos, além de outros pontos marcantes de Pelotas. “Estamos gostando, a gente foi tomar um café bem típico com os doces daqui. E a gente gosta de vivenciar, de ir nas cidades e fazer a vivência da cultura”, contou.

Praça Coronel Pedro Osório é um dos principais pontos procurados pelos visitantes (Foto: Jô Folha)

Análise de fora da cidade

Um dos pontos desfavoráveis na cidade citado por Ana diz respeito à acessibilidade das calçadas e vias para pessoas com alguma deficiência, como é o caso de seu pai. “A gente só não gostou da acessibilidade nos pontos turísticos, para cadeirante é bem difícil. Não tem rampa de acesso. Onde tem, as rampas estão longe. Isso está deixando um pouco a desejar”, criticou.

“A questão da manutenção dos prédios históricos também. Mas a gente é natural de uma cidade histórica também, de Cachoeira do Sul. Em quase todas as cidades antigas tem isso. Os prédios são lindos, mas falta manutenção”, conclui.

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