Em cada peça, uma memória. Um pedacinho da Alemanha, com modos e costumes daqueles que há 200 anos atravessaram o oceano atlântico em busca de uma vida melhor, está exposto no museu criado pela artesã Elaine Zielke, proprietária do Memórias und Andenken, no Caminho Pomerano, na colônia de São Lourenço do Sul, mais precisamente na localidade de Boa Vista. Berço da colonização na Zona Sul do Estado.
A colonização alemã ocorreu quando a Europa passava por grandes transformações sócio-político-econômicas, bem no período em que o Brasil passou a favorecer a imigração com a oferta de lotes de terras para povoar principalmente as regiões Sudeste e Sul. No RS, os primeiros 39 imigrantes chegaram no dia 25 de julho de 1824.
As dificuldades dos imigrantes alemães foram muitas, mas a persistência fez o povo germânico ficar e prosperar. No local de chegada, um marco que simboliza o ponto de partida. Elaine conta que na comemoração dos 150 anos foi feito um monumento que não foi terminado, em que uma bandeira do Rio Grande do Sul foi hasteada e esta agora é guardada pela empreendedora e peça do museu.
A chegada dos pomeranos em São Lourenço do Sul foi em 18 de janeiro de 1858, e no espaço reservado por Elaine para homenagear seus os antepassados estão os adornos, fotos nas paredes, vestimentas, louças e cristaleiras, e até um baú de madeira, responsável por trazer toda a bagagem de uma etnia. Cada objeto, segundo a artesã, tem um significado especial. Entre as curiosidades do local, um livro com centenas de sobrenomes de famílias que migraram para o Brasil. “Tem visitantes que se emocionam ao encontrar seus descendentes e de onde vieram”, comentou.
O surgimento do museu
A ideia do museu surgiu quando Elaine entrou para o Caminho Pomerano, com seu artesanato, e com o apoio do Sebrae, descobriu que tinha muitas peças e uma linda história para contar. Seus bisavós, que vieram de navio, ficaram na região de Santa Rosa, e quando tentaram mandar seu avô de volta para o país de origem, começou a Segunda Guerra Mundial. “Foi quando eles acabaram indo para Rio Grande, depois Pelotas, onde o trabalho na fábrica de curtume os fizeram criar raízes na região. Em maio completou cem anos da chegada da nossa família no Brasil”, relata a artesã.