Pelotas lidera ranking de pessoas em situação de rua
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Terça-Feira29 de Outubro de 2024

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Pelotas lidera ranking de pessoas em situação de rua

Levantamento do Ministério Público aponta quase quatro mil pessoas sem moradia no município

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Atualizado quinta-feira,
03 de Julho de 2024 às 19:12

Pelotas lidera ranking de pessoas em situação de rua
Beatriz rejeita ida aos abrigos para não se separar do cachorrinho. (Foto: Jô Folha)

Correção: Em nota, MPRS admite erro em levantamento realizado em julho deste ano

Um levantamento realizado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) revelou que 26% da população de rua de todo o Estado está concentrada em Pelotas. São quase quatro mil pessoas, o que torna o município o que tem o maior número desses cidadãos, superando inclusive Porto Alegre em mais de mil pessoas. Já a prefeitura afirma que, conforme os dados do Cadastro Único, são 743 desses usuários, sendo cerca de 375 pessoas de forma sistêmica nas ruas.

O diagnóstico elaborado pelo MPRS, com base em números repassados pelas próprias prefeituras, visa o cumprimento de políticas públicas voltadas à promoção de direitos básicos e da garantia de dignidade às pessoas que não têm acesso à moradia. O formulário do MPRS foi enviado a todos as cidades para o preenchimento sobre o número de pessoas em situação de rua, quais são os serviços de acolhimento existentes e capacidade de alimentação dessas pessoas.

De acordo com o diagnóstico, 14.829 pessoas adultas vivem nas ruas no Estado, dessas, 3.937 mil estão em Pelotas. O município é o que tem o maior número de população sem moradia do RS, superando cidades mais populosas como Porto Alegre, Caxias do Sul e Canoas. Em relação a famílias, o relatório indica que 131 vivem nas ruas, sendo dez em Pelotas.

Prefeitura contesta

Conforme informações da prefeitura de Pelotas, o alto número poderia ser originado na característica do município de ser uma região que recebe população imigrante que passaria na cidade e seguiria para o Uruguai e a Argentina.

“E ainda de municípios vizinhos, que muitas vezes não possuem serviços de acolhimento para pessoas em situação de rua”, diz o secretário de assistência social, Edmar Mesquita, via nota.

O gestor argumenta que o dado apresentado pelo MP não corresponde à realidade e que a partir de dados do Cadastro Único (CadÚnico), atualmente seriam 743 pessoas cadastradas (referência julho de 2024). Com os números do Centro Pop a estimativa seria que de forma sistêmica são de 300 a 375 pessoas em situação de rua.

A realidade dos dados

“Aumentou demais, aqui na calçada que eu durmo não tinha quase ninguém, agora já tem uma tropa” (Foto: Jô Folha)

Conhecida por muitas pessoas em situação de rua por estar vivendo embaixo de marquises desde os dez anos de idade, Beatriz de Souza, 27, afirma que ela mesmo tem observado o crescimento dessa população no Centro de Pelotas. “Aumentou demais, aqui na calçada que eu durmo não tinha quase ninguém, agora já tem uma tropa”, ressalta.

A mulher relata que equipes da prefeitura os convidam para ir aos abrigos, mesmo assim ela prefere permanecer na rua e contar com o auxílio que recebe de Ongs, com a doação de marmitas, de cobertores e roupas.

“Graças a deus não é tão difícil [passar pelos dias frios] porque as cobertas são o que a gente mais está tendo, o pessoal passa de carro, nos dão roupas, comidas e eu não vou para os abrigos porque o meu cachorro não pode entrar”.

De acordo com Beatriz, seu maior sonho é se recuperar do vício em drogas e ter um lar para morar. “Eu creio que não seja para sempre isso aqui”.

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