Greve no INSS completa primeira semana sem transtornos
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira30 de Outubro de 2024

Previdência

Greve no INSS completa primeira semana sem transtornos

Pelo menos quatro agências da Zona Sul apresentaram adesão à paralisação, mas serviços continuam sendo ofertados

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Greve no INSS completa primeira semana sem transtornos
Atendimentos como o de perícia seguem sendo realizados (Foto: Heitor Araujo)

Há uma semana os servidores do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) estão em greve nacional. A deflagração aconteceu no último dia 3 e a paralisação começou no dia 16, com adesão em pelo menos quatro agências da Zona Sul: duas em Pelotas, uma em Rio Grande e outra em Jaguarão, segundo levantamento da FENASPS, Federação Nacional que contempla os sindicatos da previdência.

Os grevistas solicitam reposição salarial e reestruturação do plano de carreira, com o reconhecimento da atividade do INSS como finalística de Estado e o nível superior para o ingresso em cargo de técnico do Instituto. Também pleiteiam melhores condições de trabalho e cumprimento de acordo anterior com o governo.

Normalidade

Apesar da greve, o INSS assegura que serviços seguem sendo prestados à população, especialmente pelo telefone 135, mas também pelo site e aplicativo.

Na agência da rua Almirante Barroso, Centro de Pelotas, o atendimento no balcão e serviço de perícia, por exemplo, continuam regulares. Uma beneficiária, no entanto, deixou o local chateada na manhã de segunda-feira (22).

À reportagem, a mulher, que não quis ser identificada, revelou que não conseguiu passar pela perícia, devido a uma “queda no sistema”. Com uma doença crônica e sem trabalhar, está há um ano em processo de prorrogações e reavaliações, e diz que há um mês não recebe benefício. O atendimento foi remarcado para o dia 7 de agosto.

Outra beneficiária, Carla Sosa, queixou-se da burocracia nos atendimentos. Ela precisa de um extrato para ter acesso a um “desconto de consignado do INSS”. Para isso, precisa agendar pelo telefone. A ligação, segundo ela, demora mais de uma hora. “Poderia vir direto aqui, o que custa? É um problema de gestão do INSS, poderiam mudar isso que ajudaria muito a gente”, relata.

Por outro lado, um beneficiário, que também não quis se identificar, não apresentou queixas sobre o atendimento, a realização de uma perícia para renovar o auxílio decorrente de um pé quebrado.

Desmonte de anos

O foco, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Previdência (Sindisprev), é na reestruturação da carreira, especialmente na luta para assegurar a previdência pública. “Que seja considerada típica do Estado brasileiro, porque a previdência é uma conquista dos trabalhadores garantida pela Constituição e vivemos uma tentativa de privatização e desmonte”, afirma o coordenador do SindisprevRS, Thiago Manfroi.

De acordo com o sindicalista, os serviços impactados referem-se, incialmente, à análise e concessão de benefícios, “além de pessoas que não têm conhecimento de fazer protocolos via internet, que terão dificuldades”.

“O impacto dos atendimentos já vem de muitos anos”, acrescenta Manfroi, porque “o final de governo [de Jair Bolsonaro] desmontou o INSS, chegamos a ter 3 milhões de processos represados, agências destruídas e esvaziadas e atendimento feito por estagiários para baratear”.

Manfroi argumenta que se não houver acordo com o governo federal e a greve se estender, os processos comecem a ser mais impactados, conforme a adesão dos servidor for aumentando. “Mas agora, com a adesão em 50% em todo o Brasil, já se tem reflexos.”

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