Enchente afetou 49 mil residências da Zona Sul
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

Tragédia climática

Enchente afetou 49 mil residências da Zona Sul

Ao todo, 13 municípios foram impactados de alguma forma pelas águas; Rio Grande, Pelotas, São José do Norte e São Lourenço do Sul acumulam maiores perdas

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Enchente afetou 49 mil residências da Zona Sul
Em Pelotas, locais mais afetados foram o Laranjal e a Colônia Z-3 (Foto: Jô Folha)

O IBGE disponibilizou um levantamento com informações referentes ao total de populações, domicílios e estabelecimentos afetadas pela água nas enchentes de maio. Na região, Rio Grande lidera em número de casas atingidas, com 22,7 mil imóveis. Somando o município com os três mais afetados na Zona Sul (Pelotas, São José do Norte e São Lourenço do Sul), foram mais de 93 mil pessoas prejudicadas pelo evento climático. Em toda região foram 13 cidades afetadas com mais de 49 mil residências. O levantamento busca auxiliar nas ações emergenciais e de recuperação aos danos causados pela cheia.

Conforme a coleta de dados de endereços e a pesquisa com coordenadas geográficas, em Rio Grande, mais de 43 mil pessoas tiveram que lidar em algum grau com os transtornos trazidos pelo aumento do nível da Lagoa dos Patos. Além dos imóveis residenciais, entre escolas, instituições de saúde e templos religiosos, 210 locais foram avariados. Foram ainda 163 propriedades rurais e mais de 2 mil estabelecimentos, como lojas e prédios públicos, com perdas. Em Pelotas, o mapa de alagamentos também aponta um número semelhante de pessoas afetadas pelas águas: foram mais de 43,7 mil em 22,3 mil residências. A maioria de moradores de áreas próximas à lagoa, como o Laranjal e a Colônia Z-3.

A realidade dos dados

Após mais de dois meses fora de casa, uma dessas famílias atingidas finalmente pôde retornar ao lar na última semana. “Eu medi, foi 1,15 metro dentro de casa [de água], a casa é mais alta que o pátio, que tem o nível maior que o da rua”, conta Lori Papaiani, 53 anos, moradora do Balneário Valverde, no Laranjal. Dos bens, só restou a geladeira, o freezer, a máquina de lavar e alguns itens da cozinha. “A minha mãe deu o jogo de quarto e alguns móveis para a cozinha. De amigos eu ganhei umas poltronas, de resto tudo comprado”, conta.

Para repor os móveis e a infraestrutura essencial da casa, a moradora já desembolsou cerca de R$ 15 mil. “O cartão de crédito não tem mais limite para nada. Tive que trocar todas as portas, vou ter que pintar tudo”. A família conseguiu ser contemplada com o Auxílio Reconstrução. Mesmo assim, o benefício contribuiu com um valor ínfimo diante das perdas. “Claro que é uma ajuda, mas R$ 5 mil é o que eu estou devendo para o meu vizinho que está fazendo as reformas necessárias aqui”, diz.

Além disso, itens de mobilidade para o marido, que têm deficiência física, como a cadeira de banho e de rodas, também foram perdidos. No entanto, bem humorado, Luis Carlos de Souza Junior, 51 anos, comenta que é preciso ver o lado bom dos acontecimentos. “Mas ainda bem que foram só perdas materiais, tem gente que perdeu vidas”. Ambos concordam que aos poucos, apesar das dificuldades, vão conseguir recuperar os prejuízos.

Os números na região

Além dos quatro municípios mais atingidos, outros dois também chamam a atenção pelos números do IBGE: Jaguarão com 165 domicílios, referente a propriedades rurais localizadas próximos a arroios, e Santa Vitória do Palmar, com 99 residências afetadas.

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