Sistema agroflorestal beneficia a agricultura familiar
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

Agronegócio

Sistema agroflorestal beneficia a agricultura familiar

Prática que permite aumento de produtividade e preservação de ecossistemas tem crescimento de adesão por produtores rurais da Zona Sul

Por

Atualizado domingo,
21 de Julho de 2024 às 11:34

Sistema agroflorestal beneficia a agricultura familiar
Agroflorestal Schiavon iniciou em 2012 com um pomar de bergamotas, caquis, goiabada e outras árvores nativas e exóticas (Foto: Divulgação)

Com o plantio de árvores combinado ao cultivo de culturas agrícolas, o sistema Agroflorestal é uma prática que pode beneficiar tanto o produtor quanto o meio ambiente. As espécies arbóreas servem como um mecanismo de proteção para as lavouras contra eventos climáticos e conferem diversidade de produção. Além de promoverem a recuperação de áreas degradadas. Na Zona Sul, o sistema tem sido adotado em agriculturas familiares.

Em Pelotas, a propriedade da família Schiavon foi a primeira a ter a prática legalizada e hoje a produção conta inclusive com erva mate. Da mesma forma, a Embrapa tem observado um crescimento na adesão da prática em toda a região.

Localizada na Colônia São Manoel, 8º distrito, a Agroflorestal Schiavon iniciou em 2012 com um pomar de bergamotas, caquis, goiabada e outras árvores nativas e exóticas. “A gente tinha umas áreas de terra bem fracas, tivemos contato com um pessoal de Goiás que estava implantando agroflorestas, fomos conferir e vimos que tinha viabilidade também na nossa região, então implantamos”, explica Nilo Schiavon. Hoje a produção frutífera também é associada a de erva mate, que já tem marca registrada, Seiva do Mato.

Para o produtor, o resultado dos cultivos em três hectares foi uma surpresa e atualmente a propriedade é referência para cursos técnicos e superiores na área da agropecuária. “Foi tão impressionante”, relata. A produção de erva mate tem encontrado uma alta demanda de comercialização e para Schiavon o plantio é uma forma de resgatar a prática que há cerca de 40 anos era mais comum na Zona Sul.

Repercussão regional

No Chuí, há 11 anos, uma família aproveita as vantagens do sistema agroflorestal como a diminuição dos impactos de chuvas e ventos, assim como a garantia de produção em todas as estações. “Nós utilizamos barreiras de árvores para quebra-ventos protegendo nossa residência e nossos cultivos contra os vendavais. Além disso, a produção é mais resiliente às geadas e também às secas”, explica a agricultora Juliana Pino, sobre a adoção do Sistema Agroflorestal como uma alternativa às novas condições. “Outra vantagem é o conforto para colher as frutas na sombra quando é verão e a produção de lenha quando é inverno”, complementa.

A produtora rural enfatiza que a adaptação aos eventos climáticos extremos é indispensável para a manutenção do desenvolvimento agropecuário da Zona Sul. Além dos benefícios ambientais, a possibilidade de cultivar diversos tipos de frutas nativas combinado com o plantio de grãos e hortaliças foi o que fez com que a família Pino trocasse a agricultura urbana pelo agroflorestal.

Variedade da produção

Dentre os cultivos do sítio de Juliana há uvas, laranjas, pêssego, goiabas e frutas nativas, como o araçá. A produção junto com as hortaliças é comercializada ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e para consumidores locais do Chuí. “A uva mesmo tem sido excelente, durante todos os anos. A nossa ideia é no futuro trabalhar mais com nozes”, conta.

Desafios

Para Juliana, inicialmente, o maior desafio é a geração de renda. “É preciso muito investimento nas mudas de árvores, e enquanto elas não produzem frutas, nós temos que nos dedicar paralelamente ao cultivo de hortaliças”, relata. Com a produção a pleno das árvores, Juliana explica que aumentou a necessidade de mão de obra para o manejo. “Estamos em um período de reorganização para atender essa demanda, pois é preciso uma boa administração para contratar, além de ser necessário ensinar sobre quais os serviços são feitos em uma agrofloresta”.

 Benefícios e adesão

De acordo com o engenheiro florestal da Embrapa Clima Temperado, Ernestino Guarino, há um aumento significativo de adesão ao Sistema Agroflorestal por pequenos e grandes produtores rurais. Dentre os benefícios que atraem estão o melhor aproveitamento do solo e a ampliação de cultivo em uma mesma área. “São gastos menos insumos, melhora o recurso hídrico, a gente consegue de forma planejada aproveitar melhor os recursos”, explica.

Acompanhe
nossas
redes sociais