Um fato curioso chamou a atenção da historiadora e professora Heloísa Assumpção Nascimento, que escreveu a respeito na crônica Carros de outrora, publicada no livro Nossa cidade era assim – Crônicas publicadas na imprensa nos anos de 1980 a 1987. A pesquisadora achou no jornal O Libertador, de 1924, dois anúncios: um da Cocheira Pelotense e outro da Garagem Fonseca, “que poderiam parecer antagônicas, mas testemunharam as mudanças que se estavam a operar na cidade”, observou.
Enquanto a Cocheira Pelotense, que ficava na praça Piratinino de Almeida, disponibilizava “carros, puxados por gordas parelhas ferradas a capricho”, a Garagem Fonseca, instalada na rua 15 de Novembro, 613, oferecia os serviços de quatro carros Ford “em perfeito estado, que comportavam dez passageiros e faziam viagens diárias entre Pelotas e São Lourenço do Sul”.
Na década de 20 Pelotas tinha bondes elétricos circulando pelas ruas e muitos automóveis particulares também. A historiadora ainda registrou que o percurso entre Pelotas e São Lourenço do Sul tinha a duração de quatro horas, em estrada de terra. A parada final no vizinho município era no Hotel do Comércio, “onde a Garagem Fonseca tinha agente”. A promessa era de conforto e garantia de chegada ao destino, “sem contratempos”.
Os passageiros da Garagem Fonseca tinham direito de levar dez quilos de bagagem, porém o excesso era cobrado por peso, a 200 réis, por quilo. A empresa ainda oferecia fretamento para grupos ou famílias.
Fonte: Nossa cidade era assim – Crônicas publicadas na imprensa nos anos de 1980 a 1987, Heloísa Assumpção Nascimento