Há um ano, Pelotas sofreu com a pressão de ventos de mais de cem quilômetros por hora, trazidos por um ciclone extratropical que afetou, principalmente, a costa do Rio Grande do Sul. Entre o cenário de destruição e falta de luz que durou semanas, deixando uma morte na cidade, a queda de árvores foi o principal fator que causou os problemas.
Um levantamento realizado na época pela Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) sobre os impactos do fenômeno apontou que, por conta do evento, mais de 500 árvores na cidade precisaram ser suprimidas, sendo que pelo menos 700 sofreram algum abalo.
Levando em conta todos os efeitos e consequências do ciclone, tornou-se necessário, então, lançar um olhar mais atento em relação à arborização urbana e o monitoramento da situação dessas estruturas.
Conforme narram as matérias jornalísticas da época, o município promoveu reuniões para tratar sobre o assunto com o intuito de evitar novos acontecimentos. No entanto, um ano depois, o professor de floricultura e plantas ornamentais da Faculdade de Agronomia (Faem) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Paulo Roberto Grolli, critica a postura da prefeitura.
O professor admite que sim, inicialmente, houve uma mobilização em torno do tema, mas que perdeu força com o tempo. “Você vê podas muito mal feitas que desestabilizam a vegetação e colocam mais risco de queda. […] Pela minha experiência, nada mais foi feito para melhorar a condição da arborização de Pelotas”, contesta.
Ações em Pelotas
Segundo o secretário de Qualidade Ambiental, Eduardo Schaefer, desde 2021 a prefeitura atua no manejo arbóreo de Pelotas por meio do Programa Ciclo Verde, que visa a prevenção e manutenção da arborização urbana. A iniciativa trata-se de um serviço essencial à zeladoria da cidade, o qual é pautado pela ótica da manutenção arbórea preventiva com a priorização de áreas com grande circulação de veículos e pessoas. Equipes da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) realizam o monitoramento e a elaboração de laudos técnicos de áreas públicas mais sensíveis, que apresentam maior risco de incidentes.
A Secretaria destaca que em agosto de 2023, após o ciclone, foi realizada a 1ª Reunião Técnica de Arborização Urbana na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul). A atividade, promovida pelo município, reuniu profissionais envolvidos na temática para debater os transtornos causados e as estratégias de recuperação dos danos. Como um dos encaminhamentos da reunião, Pelotas ficou responsável por sediar o 15º Fórum Gaúcho de Arborização 2024, evento que destaca a essencialidade da arborização e a importância do desenvolvimento sustentável nas cidades gaúchas.
Monitoramento
De acordo com a SQA, o monitoramento segue sendo realizado periodicamente nas áreas verdes e nas principais vias da cidade, as quais também recebem atenção especial por meio do Programa Ciclo Verde. Como principal instrumento para realização da gestão arbórea do município, o Programa Ciclo Verde abrange desde o plantio até a supressão das árvores. A campanha “Árvore Certa no Lugar Certo”, a revisão do Guia de Arborização Urbana e as campanhas do “Dia D” de doação de mudas são exemplos de ações de conscientização e de educação ambiental, as quais intensificam o plantio adequado e promovem os cuidados com as árvores junto à comunidade pelotense.
