“A gente planta e vende toda a mercadoria de casa”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

Abre aspas

“A gente planta e vende toda a mercadoria de casa”

O agricultor Bento Drawanz, de 74 anos, é um dos comerciantes mais antigos da feira livre semanal na rua Princesa Isabel. Ele cultiva produtos orgânicos na sua residência, em Monte Bonito, e tem uma clientela assídua na feira

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“A gente planta e vende toda a mercadoria de casa”
Bento Drawanz é um dos comerciantes mais antigos da feira. (Foto: João Pedro Goulart)

Conta um pouco da sua história. Como é que você veio pra cá?

A gente começou a ficar só aqui quando o Mercado Central fechou. Mas naquela época a gente já estava na feira. Antes, a gente vinha no Mercado Central e fazia a feira da mesma forma. Depois passou para o Ceasa. Então a gente se manteve só aqui na feira. A gente planta e vende toda a mercadoria de casa.

O que atrai você na feira livre?

O que nos atrai para a feira é que dá para vender tudo à vista. Isso quer dizer que a gente vende a um preço justo. Porque se entrega para o “atravessador”, ele vai ganhar em cima. O atravessador é aquele que vai lá comprar e depois vai vender. Se eu colocar uma bergamota, o atravessador paga, vamos dizer, R$ 2,50 o quilo. Aqui eu vendo a R$ 5. Quer dizer que estou ganhando R$ 2,50 em cima dos R$ 2,50. Dá mais renda, porque a gente não precisa de tanta mercadoria, pode reduzir a quantidade, e é menos trabalhoso.

Qual a diferença desses alimentos aqui?

Aqui sempre é fresquinho, porque a mercadoria é nova. No supermercado eles podem fazer promoção porque aquela mercadoria que entra já estava na câmara fria. Então colocam lá, e tem que vender naquele dia. A promoção é para aquele dia. Se eles não venderem, eles perdem toda aquela mercadoria. Quando fica uma mercadoria dentro da câmara fria, ela preserva por uns dias, depois começa a queimar, ficar amarela. O alimento fora da câmara fria dura três dias, mais ou menos, agora no inverno. No verão é um dia só. Já os alimentos que sobram aqui da feira a gente dá para os animais que temos em casa.

Como funciona o seu trabalho?

Essa lida é de muito trabalho. A gente tem que agarrar, tem que fazer. Não é fácil. Carrega o caminhão no outro dia, antes de vir, acorda às cinco da manhã e vem pra cidade. Um dia antes, a gente colhe o que tem que colher e já deixa o caminhão carregado. Quando eu era mais novo tinha mais pique para fazer tudo, era mais ágil, mas a gente tinha mais força. Agora não, com a idade a gente já vai perdendo as forças.

Que tipo de alimentos vocês vendem aqui?

Todo tipo de verdura, couve-flor, brócolis, couve, batata doce assada. Aquela batata doce amarela assada, nós vendemos muito. Nós fomos os fundadores da batata doce assada aqui na feira. As pessoas gostam porque elas são feitas no forno à lenha. Depois, vende muito o milho verde, o morango, a mandioca. Controlamos a produção conforme as vendas. Tem que colher mais ou menos aquilo que a gente pensa que vai vender, para não sobrar.

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