Pelo menos R$ 400 mil teriam sido desviados dos cofres do Grêmio Esportivo Brasil por ex-dirigentes. Deflagrada nesta quarta-feira (10) pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, a Operação Marcola investiga o ex-presidente xavante, Evânio Tavares, além dos também ex-membros da direção do clube, Wederson Antinossi, conhecido como Mineiro, ex-CEO, e Tiago Rezende, conforme apuração do A Hora do Sul. São cumpridos dez mandados de busca e apreensão em Pelotas e Contagem (MG).
Segundo o promotor José Alexandre Zachia Alan, um dos responsáveis pela Operação Marcola, há três linhas de investigação. Elas envolvem valores de premiação pagos ao Brasil por resultados esportivos, de patrocínios e de contribuições pagas pelos sócios do clube. Conforme apuração da reportagem, o montante desviado apenas da Central de Sócios pode chegar à casa de R$ 1 milhão.
Os investigados alegavam que não depositavam o total dos valores nos cofres do clube para evitar que as verbas fossem para o Condomínio de Credores, em acordo a decisões judiciais. Há indícios robustos, no entanto, de que parte desses valores teriam sido desviados para benefício próprio.
Vale lembrar que Evânio Tavares ingressou na Executiva do Brasil como componente de um trio de dirigentes após a renúncia de Nilton Pinheiro, ainda em 2021. Em outubro de 2022, Tavares foi empossado como presidente depois de processo eleitoral interno. Em junho de 2023, acabou destituído pelo Conselho Deliberativo. O Conselho Fiscal do clube identificou gestão temerária.
Possíveis crimes
Associação criminosa, apropriação indébita e falsidade ideológica são crimes que podem ser eventualmente identificados no encerramento da investigação. Foi solicitado o bloqueio de bens dos investigados. Na manhã desta quarta-feira, um dos mandados de busca e apreensão aconteceu na sede da empresa Apague Prevenção de Incêndios, do ex-presidente Evânio Tavares.
“Não é um fato isolado”
De acordo com Zachia Alan, os principais objetivos da Operação Marcola são, além de punir os eventuais responsáveis, devolver aos cofres do clube os valores desviados. “Não é um fato isolado. São vários fatos que precisam ser apurados e só ao final da apuração vai se poder oferecer um diagnóstico definitivo”, afirmou o promotor.
Não se descarta que mais pessoas estejam envolvidas. A investigação seguirá com o exame dos documentos apreendidos. O Ministério Público será o responsável por realizar as eventuais acusações para, então, dar sequência ao ressarcimento dos valores desviados.
O promotor Rogério Meirelles Caldas, outro responsável pela Operação Marcola, também falou sobre a investigação. “Foi constatado que recursos que deveriam ser utilizados para o clube, que viriam de patrocínios e premiações, foram desviados para a conta de ex-dirigentes. Esses recursos iam para suas empresas e, posteriormente, eram emitidas notas fiscais de serviços não prestados ao clube para justificar o ingresso”, disse ele.
Clube se manifesta
Em nota, o Grêmio Esportivo Brasil publicou que os mandados de busca de apreensão realizados no Bento Freitas foram acompanhados pelo atual presidente do clube, Gonzalo Russomano, que colaborou com as investigações. Ainda segundo a assessoria de imprensa, a denúncia que deu origem à Operação Marcola foi anônima.
A direção se manifestará em entrevista coletiva após o jogo desta quarta-feira, contra o Avenida, pela Série D.
Investigados
A reportagem entrou em contato com Evânio Tavares e Tiago Rezende. Até a última atualização desta matéria, nenhum deles retornou as mensagens. O espaço segue aberto para manifestação dos investigados.