Os eventos climáticos registrados em 2024 foram os principais responsáveis por uma menor colheita do pêssego destinado à indústria. A quebra de safra deverá fechar em torno de 40%, com a colheita próxima de 30 milhões de quilos da fruta.
Apesar da redução na quantidade, a qualidade apresentada pelo pêssego nesta safra foi superior a encontrada em 2023/2024.
As variedades com pior desempenho foram a Granada e a PS Cedo, que tiveram uma produtividade muito baixa. Já as variedades Esmeralda e Jade mantiveram uma qualidade boa e apresentaram melhor produtividade. A variedade Maciel registrou muitos problemas de bacteriose e podridão.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), Paulo Crochemore, devido ao excesso de chuva e umidade, a expectativa era de uma quebra ainda maior.
“Essa safra foi igual a de 2023/2024. Mas devido às questões climáticas, até esperávamos uma safra um pouco mais fraca”, avalia.
Na próxima terça-feira, o Sindocopel fará uma reunião para fechamento da safra 2024/2025. Apesar de algumas indústrias ainda estarem em processo de finalização, a expectativa é de que a produção fique um pouco acima dos 30 milhões de latas.
Preparação safra 2025/2026
Para a próxima safra o Sindocopel pretende promover uma força tarefa entre indústria, entidades como Emater, Embrapa, Universidades, prefeitura e a Associação dos Produtores para identificar problemas. “Vimos uma perda muito grande por bacteriose, então precisamos encontrar alternativas para corrigir isso para a próxima safra”, explica Crochemore.
Na avaliação do dirigente, a área plantada na região é grande, o que precisa ser feito é aumentar a produtividade das plantas. Após dois anos de problemas climáticos, a intenção será a de traçar um plano para retomar a produção existente há quatro anos, em que a colheita ficava em torno de 40 a 50 milhões de quilos de fruta.
Conforme o censo da Emater, no ano passado existiam 4874 hectares de pêssego na região, com 948 produtores envolvidos com a atividade. Os municípios com plantação são Pelotas, Morro Redondo, Canguçu, Piratini, Cerrito e Arroio do Padre.
Em escala muito menor do que o pêssego da indústria, alguns produtores também plantam o pêssego chamado de mesa, cerca de 450 hectares dessa variedade.
Cenário da indústria
A região conta com dez indústrias entre Pelotas, Morro Redondo e Capão do Leão. A produtividade baixa das duas últimas safras vem contribuindo para dificultar o cenário do setor. “Até então, vínhamos ganhando mercado, estávamos exportando. Tivemos que recuar para atender o mercado nacional”, diz Crochemore.
A atividade fabril tem capacidade de produzir de 70 a 80 milhões de latas de pêssego. Conforme Crochemore, para atender os compromissos, a produção precisaria ser acima dos 45 milhões de latas.
“2025 vai ser um ano de tentar vender um pouco para as exportações e privilegiar o mercado nacional. Também de ter um cuidado de não agredir muito os preços para evitar a entrada de pêssego em lata de fora”, projeta.
Pelotas é responsável por todo o pêssego em calda vendido no Brasil. Com 60 anos de existência, o Sindocopel já chegou a contar com 57 indústrias associadas. Atualmente, as dez indústrias contam com um parque atualizado, com equipamentos modernos, fator responsável pelo aumento da produtividade do setor.