Polícia apura omissão de socorro após atropelamento que matou ciclista
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira22 de Novembro de 2024

Investigação

Polícia apura omissão de socorro após atropelamento que matou ciclista

Marciano Perondi não aguardou a PRF depois do acidente que vitimou Jairo Oliveira Camargo no último dia 25

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Atualizado sexta-feira,
12 de Julho de 2024 às 21:37

Polícia apura omissão de socorro após atropelamento que matou ciclista

A 3ª Delegacia de Polícia de Pelotas investiga a circunstância do acidente de trânsito ocorrido no dia 25 de junho, e que levou à morte o ciclista Jairo de Oliveira Camargo, 63, no dia 8, na Santa Casa de Pelotas. O autor do atropelamento, o pré-candidato à prefeitura de Pelotas pelo Partido Liberal (PL), Marciano Perondi, não teria aguardado a presença da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e se apresentou horas depois na unidade de Eldorado do Sul, onde passou pelo teste do bafômetro e foi liberado.

De acordo com a delegada Maria Angélica Gentili, como no dia do ocorrido, a tipificação ficou como lesão corporal, a ocorrência foi encaminhada para a Central de Termos Circunstanciados (TCs). Entretanto, com a morte da vítima, o caso passa a ser de Homicídio de Trânsito Culposo, em tese.

Para o comando da 7ª Delegacia da PRF, na Zona Sul do Estado, o autor da colisão traseira teria tratado a situação com “desdém”, dando mais importância para o compromisso em outro Estado, do que cumprir com a obrigação de qualquer cidadão de permanecer no local do acidente.

“A Ecosul chegou primeiro no local, onde o autor apresentou a carteira da OAB e foi fotografada a placa do carro, ele evadiu-se. A nossa equipe então fez o trabalho de praxe do acidente, logo depois contatou o motorista. Este disse que trocou de carro e estava indo para Porto Alegre, sendo que tinha passado 20 quilômetros do posto, não quis voltar e garantiu sua apresentação em Eldorado”, relatou o chefe da unidade policial, Daniel Pitrez Correa.

Segundo a autoridade policial, a equipe da Ecosul orienta a pessoa a ficar, mas não tem autonomia para mantê-la no local. “Talvez respaldado pela lei, o autor desconfigurou a possibilidade de fuga do local”.

A versão foi confirmada pela assessoria da concessionária. No dia do acidente, que foi no quilômetro 523 da rodovia, às 6h20min, a equipe de resgate médica realizou o atendimento ao ciclista, removendo o mesmo para o Pronto Socorro de Pelotas. Enquanto isso, o colaborador do guincho ficou no local junto ao condutor do carro no aguardo da PRF. No entanto, este seguiu viagem por conta própria.

Perondi diz que chamou socorro

Procurado pela reportagem do A Hora do Sul, o empresário marcou visita ao jornal duas vezes, mas não compareceu. Em nota ao jornal Zero Hora, ele diz que “teve a frente de seu veículo cortada por um ciclista (que ia de um lado para o outro da pista, no sentido da esquerda para a direita) em uma tentativa de conversão que surpreendeu ao motorista, tendo o ciclista atingido o farol esquerdo do veículo. Imediatamente, foi acionado o socorro – prestado pela ambulância da Ecosul – e o ciclista foi levado ao Pronto Socorro de Pelotas. A ocorrência foi registrada, tendo sido realizado o teste do bafômetro no posto da Polícia Rodoviária Federal (indicando que o motorista não havia ingerido bebida alcoólica). O motorista acompanhou toda a evolução do quadro do paciente, prestando assistência contínua à família – conseguiu um leito de UTI, na tentativa de salvar o paciente. Tragicamente, o sr. Jairo de Oliveira Camargo, não resistiu, vindo a falecer. Foi prestado aos familiares todo suporte e acompanhamento por parte do motorista, mesmo durante o sepultamento. Por fim, cabe destacar o desrespeito à dor da família causado pela utilização indevida e oportunista de uma tragédia com fins eleitorais, em uma clara tentativa de manchar a reputação do pré-candidato.”

O A Hora do Sul também procurou a família da vítima, que não se manifestou sobre o caso.

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