A exploração de petróleo na Bacia de Pelotas avança mais um passo em direção às futuras perfurações. A empresa norueguesa Shearwater Geoservices anunciou que a segunda fase de pesquisas para determinar os pontos mais propícios para a exploração na área será realizada com o SW Empress, um dos navios sísmicos mais avançados no mundo. Com a embarcação, o levantamento em 3D avançará em mais de dez mil quilômetros quadrados na bacia.
De acordo com a Shearwater, os dados sísmicos em três dimensões fornecerão às empresas que adquiriram blocos da Bacia – Petrobras e Chevron -, visão crítica sobre a estrutura geológica da área. Com isso, os riscos das atividades de exploração são reduzidos e seria permitida uma tomada de decisão mais rápida para descobertas bem-sucedidas de hidrocarbonetos. O levantamento cobre uma extensão que vai do Chuí a Rio Grande.
Professor especialista em geologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Giovani Cioccari explica que o estudo sísmico é o primeiro passo para as pesquisas em busca do petróleo. “Para conhecer o substrato da bacia”, diz. Com o levantamento, é possível compreender como os estratos de rocha sedimentares foram depositados a bacia, bem como fazer o reconhecimento de estruturas e potenciais reservatórios de petróleo.
Tempo de pesquisa
O tempo de pesquisa depende do tipo de contrato, condições climáticas entre outros fatores. Mas de acordo com Cioccari, em média entre aquisição e processamento sísmico, demora em torno de um a dois anos.
“Após isso, ainda é necessária a interpretação, que pode levar de seis meses a um ano, dependendo da quantidade de dados adquiridos e de profissionais trabalhando na interpretação”, afirma o especialista.
A Bacia de Pelotas
A área foi leiloada pela Agência Nacional em dezembro de 2023 e teve 44 blocos arrematados. Vinte e nove deles por dois consórcios – Petrobras/Shell/CNOOC e Petrobras/Shell – e 15 pela Chevron. Em dezembro do ano passado, mais 34 blocos foram disponibilizados em edital para leilão pela ANP.
A região da Bacia é mapeada desde o alto de Florianópolis (SC) até a divisa com o Uruguai. A área começou a receber mais atenção após a descoberta de grandes jazidas de petróleo na Namíbia. Como a formação geológica da costa do país africano é semelhante ao litoral sul do Brasil, remontando ao período do grande continente Gondwana, as chances de reservas na Bacia de Pelotas se tornaram mais promissoras.
O potencial é ressaltado inclusive pela empresa norueguesa. “A área de pesquisa é significativamente promissora devido à sua conexão geológica com a Bacia de Orange na Namíbia, é uma super bacia emergente globalmente de grande importância”, diz o comunicado.