Curiosos correm para ver de perto avião postal de companhia francesa

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Curiosos correm para ver de perto avião postal de companhia francesa

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Há 100 anos

A primeira aparição das aeronaves da aviação postal Latécoère causou espanto na comunidade pelotense e quem pôde se aproximou para tocar naquele veículo voador. Em 1925, a edição de fevereiro da revista Illustração Pelotense relatava um pouco desse acontecimento, depois um pousou no campo de aviação do Patronato Agrícola Visconde da Graça, atual IFSul Câmpus Visconde da Graça.

“Às 12h30min um ruído surdo se fazia ouvir, eram dois aparelhos rasgando a pesada cortina de nuvens, que ocultavam o sol, apareciam aos olhos dos espectadores em massa”, descrevia a crônica. Dos aviões saíram os capitães Lafay e Roig, ambos pilotos franceses. Roig trazia malas postais de Montevideo e Buenos Aires. “Daí a pouco estava os aviadores franceses e mais os mecânicos Gauthier e Estival cercados pelo povo, bem como os dois possantes aparelhos.”

Sobre a aterrissagem o capitão Lafay falou aos repórteres: “Em pontos de aterrissagem o seu estado é simplesmente maravilhoso…Que planícies lindas”. E sobre o povo gaúcho: “Admirável. Povo verdadeiramente gentil. Eu estou encantado”.

De acordo com o Roig a viagem de Montevidéu a Pelotas durou três horas e 45 minutos. Roig ainda comentou que em breve iria na direção do norte do país, até Pernambuco.

Capitão Roig (sentado) à frente dos companheiros Lafay e Hamm em janeiro de 1925, em Florianópolis (Reprodução)

Para saber

A Latécoère foi fundada em 1917, em Toulouse, na França, para produzir peças e aeronaves militares. Após a primeira Guerra Mundial passou a fabricar aeronaves comerciais, para um projeto de uma rota de correio aéreo entre França, Marrocos, Senegal e América do Sul, para isso criou a própria companhia aérea, que ficou conhecida como Linhas Aéreas Latécoère, posteriormente chamada de Compagnie Générale Aéropostale.

Em 1924 tem início na linha Toulouse-Dacar com o piloto Jean Mermoz. No mesmo ano, o projeto chega aos países da América do Sul. O Coronel Roig é enviado ao Brasil, ao Paraguai e à Argentina. A travessia do Atlântico era feita por destróieres da Marinha francesa antes do aperfeiçoamento dos aviões, o que só ocorreu a partir da década de 1930.

Em dezembro de 1924 uma missão aérea da Latécoère chega ao Rio de Janeiro com três aviões Bréguet 14, A2, novos. Participam da missão, entre outros, Roig, Lafay e Hamm. O objetivo era ligar o Rio de Janeiro a Buenos Aires por via aérea.

Em 14 de janeiro de 1925 os aviões partiram do Rio de Janeiro em uma missão de reconhecimento em direção ao sul, entre Rio e Buenos Aires, a bordo dos três Bréguet 14, com Roig, Vachet, Hamm, Lafay e três mecânicos, que aterrissam em São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre, Pelotas, Montevidéu e Buenos Aires. O percurso foi realizado com sucesso. 

Ao mesmo tempo, a Latécoère fez um vôo de reconhecimento do Rio de Janeiro ao Recife. Na década de 1930 a empresa foi comprada pela Air France, recém criada. 

Modelo de aeronave utilizado pela empresa francesa (Reprodução)

O pequeno príncipe

O escritor e aviador Antoine de Saint-Exupéry entrou para a empresa em 1926. Ele é designado ao setor sul e depois a Cabo July, como chefe da praça aérea. Segundo relatos, o autor de uma das obras mais famosas do mundo, O pequeno príncipe, chegou a pousar em Pelotas. “Em um domingo de fevereiro de 1935, Exupéry chega a Pelotas pilotando um Breguet 393, denominado “Gaivota”, sendo que depois, o piloto-escritor durante muito tempo cruzou os céus latino-americanos, detendo-se em Pelotas por diversas vezes”, descreveu o preservacionista e pesquisador Nelson Nobre Magalhães em um fascículo da revista Pelotas Memória, de acordo com o blog Conheça Pelotas. Porém não há indícios de que tenha conhecido a cidade.

Fontes: revista Illustração Pelotense; blogs Sterling Numismatic e Pelotas Capital Cultural

Há 50 anos

Baixa nos casos de desidratação traz alívio ao atendimento dos prontos-socorros de Pelotas

 Os prontos-socorros de Pelotas registraram uma baixa nos casos de desidratação, depois de uma queda nas temperaturas. Na última semana de dezembro o atendimento do hospital Santa Tereza registrou cinco casos em crianças, sendo que entre elas estava um bebê de quatro meses internado em estado grave, porém alguns dias depois estava recuperado. Na época, a Santa Casa chegou a registrar 60 casos em uma semana, no início de janeiro de 1975, as ocorrências tinham baixado para 20 em uma semana.

Para saber

Fundado em 1966, o antigo hospital Santa Tereza, que funcionava na rua Deodoro, deu lugar ao  Centro de Pesquisas em Saúde Amílcar Gigante, da Universidade Federal de Pelotas, no local funciona o Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Faculdade de Medicina da UFPel e o serviço de Hemodiálise da Santa Casa de Pelotas, através de convênio com a Universidade.

Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense

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