Exatos 14 anos depois da primeira edição do 1º Festival Internacional Sesc de Música, mais uma semente da iniciativa, que mudou os janeiros de Pelotas, floresce: o surgimento da Orquestra Jovem Sesc do Rio Grande do Sul, uma oportunidade inédita no Estado aberta a 40 instrumentistas do município, com idades entre 15 e 19 anos. A iniciativa no município é ainda um projeto social que oferece uma bolsa de estudos, o que não acontece em outras unidades do país, tornando esse um projeto pioneiro, além de toda a estrutura para a formação na música instrumental.
O diretor do Sesc Pelotas, Luis Fernando Parada, emocionado, diz que a materialização da iniciativa é a realização de um sonho, que começou a ser gestado em 2011, quando em 7 de janeiro teve início o Festival. A conquista começou a ser amadurecida quando o Departamento Nacional do Sesc passou a fazer os encontros das orquestras sociais da entidade no Festival de Música, em função da grandiosidade do evento. Para a 13ª edição, que começa dia 20 deste mês, está agendado mais um destes eventos, que desta vez terá a inclusão da Orquestra do RS.
A aula inaugural, na tarde desta segunda-feira (6), foi aberta com a apresentação musical de um quarteto de cordas, formado pelos professores do projeto. O diretor do Senac Pelotas, Tiago Radmann, falou que a formação da Orquestra vai ao encontro da missão da Fecomércio, que é impactar pessoas e organizações para construir um mundo melhor. “Que bom que podemos fazer isso através da música, da cultura, do esporte e da educação”, diz.
Oficialmente, desde 2023 o projeto vem sendo desenvolvido e a expectativa era de que as aulas começassem no segundo semestre do ano passado, porém as enchentes de maio atrasaram o processo. “Mas nós estamos recebendo o projeto na hora certa e hoje é um dia muito marcante, um dia emocionante para a nossa Unidade”, fala o diretor da unidade Sesc Pelotas.
Prestigiando o evento, o presidente do Secovi Zona Sul, Sérgio Cogoy, vice- presidente da Fecomércio-RS e Conselheiro do Sesc RS, falou aos jovens sobre a obrigação da Fecomércio em dar retorno à comunidade através do que é arrecadado entre os empreendimentos comerciais. “Não tem uma cidade do Rio Grande do Sul que não esteja sendo atendida pelo Sistema Fecomércio, para saber a importância de contribuir com o comércio local”, diz Cogoy.
Também presente na cerimônia de abertura, a secretária de Cultura, Carmem Vera Roig, disse que essa é uma oportunidade para os jovens e para a cidade. “Tu teres uma orquestra permanente do Sesc em Pelotas é um luxo. A tendência é ampliar o amor pela música na cidade de Pelotas”, diz.
Formar cidadãos
Formada por 40 alunos, a orquestra de cordas está distribuída em 20 estudantes para a classe de violino, 10 para a classe de viola, seis para a de violoncelo e quatro para contrabaixo. Além de estimular a cultura musical nos mais jovens, a Orquestra também se apresenta como um projeto social, com a inclusão de uma bolsa de estudos no valor de R$600,00, mais vale transporte e lanche. “Se fosse uma proposta cultural já seria um grande projeto, mas vai além”, comenta Luís Parada.
Para o diretor a Orquestra é missão da Unidade Sesc Pelotas, proposta para ajudar a esses jovens a formar uma orquestra, ampliar seus estudos nos instrumentos e formar cidadãos. As aulas ocorrerão durante toda a semana, na sede provisória do Sesc Pelotas, na rua Félix da Cunha, no turno inverso das atividades escolares. Atualmente em obras, a sede da rua Gonçalves Chaves, ganhará um espaço totalmente dedicado à Orquestra, o que deve ocorrer no próximo semestre.
Os 40 instrumentos que eles vão utilizar foram providenciados pela entidade e toda a manutenção também ficará por conta do Sesc. A coordenação do projeto acredita que num futuro bem próximo, estes garotos e garotas terão condições de fazer apresentações pela cidade.
Recorte etário
Parada explicou que ao adotar o recorte de idade de 15 a 19 anos o objetivo foi não tirar músicos das Orquestras Jovens Municipal e do Areal, coordenadas pela professora Lys Márcia Ferreira. “Fizemos uma combinação para não prejudicar esses projetos.”
A professora Lys esteve presente nessa construção para que os alunos não precisassem ter que escolher entre uma e outra. O diretor Parada comenta que a Orquestra Sesc resulta também deste trabalho de formação que a professora tem realizado há alguns anos, inclusive, vários dos instrumentistas passaram por essas orquestras.
Oportunidade única
A Orquestra Jovem pelotense terá como regente o maestro e compositor Thiago Perdigão, mestre em Regência Orquestral. Os professores são: Negrinho Martins (contrabaixo), Igor Amaral (violino), Aline Hartwig (viola) e Clara Lamonaca (violoncelo).
“É uma oportunidade única, tanto para os alunos quanto para os professores. A gente ficou muito feliz porque aqui tem poucas oportunidades nesta área da música erudita”, avalia a professora de Viola, Aline. Formada em licenciatura pela Universidade Federal de Santa Maria, a professora conhece alguns dos jovens instrumentistas, seus alunos na Orquestra do Areal e da Igreja Luterana.
Grandes expectativas
Felizes por terem sido selecionadas para a Orquestra, as amigas e colegas no Colégio Pelotense e na Orquestra Municipal, Antônia Saraiva dos Santas, 17, Vitória da Silveira Amorin, 17, e Laura Beck Rabassa, 15, querem evoluir no aprendizado dos instrumentos que tocam. Antônia com o violino e Vitória e Laura, com a viola. “A minha expectativa é grande, eu quero continuar tocando em orquestra e acho que a Orquestra do Sesc vai me preparar bem para isso”, comenta Antônia.
Por sua vez, Vitória diz que tocar é uma alegria. “Por já ter essa experiência a gente se diverte muito mais, a gente curte o momento porque é algo que a gente está fazendo por que gosta”, comenta a instrumentista, que pretende ingressar no bacharelado em Viola Clássica, oferecido pelas Universidades Federais do Rio Grande do Sul e de Santa Maria. “Eu quero melhorar o suficiente para chegar ao mesmo nível que eles”, fala Laura se referindo aos colegas mais experientes.
Por causa do espaço reduzido da sede, as famílias não foram convidadas para o evento festivo, mas algumas mães apareceram por lá, para dar apoio aos filhos. A dona de casa Agueda Machado, 37, foi uma delas, ela acompanhou Theo Moraes, 16, que toca baixo elétrico na Orquestra Estadual Municipal. “Agora ele vai estudar o baixo acústico e é um orgulho para nós. A música ajuda na concentração, na coordenação motora, com a disciplina, por isso é muito importante para nós pais”, comenta.