O município de Rio Grande vive um novo momento. O começo da construção de quatro embarcações do navio Handy pelo Estaleiro Rio Grande (Ecovix), assim como as obras para a transformação da Refinaria de Petróleo Riograndense (RPR) em uma biorrefinaria, devem movimentar a economia da região já no primeiro semestre de 2025.
O novo titular da Secretaria de Município de Desenvolvimento, Inovação e Turismo (SMDIT), Vitor Magalhães, em conversa com o Jornal A Hora do Sul, adianta que a principal tarefa da pasta será a de gerar novos empregos para alavancar o desenvolvimento econômico, com foco especial na área da promoção social. Anteriormente, ele foi presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) do município.
De acordo com o secretário, de imediato, a SMDIT pasta passará por alteração: deixará de cuidar do turismo, que ficará a cargo de outra secretaria, e incluirá em sua nomenclatura a economia do mar, área em que o município obtém destaque em muitas frentes.
Como a nova gestão pretende alavancar o desenvolvimento?
Meu primeiro questionamento à prefeita eleita foi sobre como o governo entende o desenvolvimento econômico. Umas das prioridades da pasta será a da promoção da assistência social pela inclusão no mercado de trabalho, com foco no aumento da oferta de emprego. Com isso, esperamos incentivar a emancipação dos beneficiários dos programas sociais, como o Bolsa Família. Meu papel enquanto secretário de desenvolvimento é incentivar a injeção de capital externo para redução das desigualdades sociais. Também vamos trabalhar para proporcionar um ambiente em que as empresas possam se instalar no município. Rio Grande já conta com mão de obra qualificada, devido a presença da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e outras instituições de ensino superior na região. Ainda, estaremos atentos à pauta da transição energética. Existem várias multinacionais comprometidas com a área ambiental e dispostas a trabalhar por essa causa. Além das ações voltadas ao meio ambiente, vamos atuar também a partir de benefícios fiscais para atrair novas empresas e investimentos.
Existem novos projetos em prospecção com chance de saírem do papel?
Estamos trabalhando em um projeto da CMPC Celulose, junto a um terreno em São José do Norte. Estamos retomando com a empresa a pauta de construir em Rio Grande um terminal privado no porto para exportação de celulose. Tem ainda os projetos eólicos offshore apresentados no Japão, com a assinatura de um memorando de entendimento com a empresa japonesa especializada em energia renovável, Shizen Energy, para realização de estudos de viabilidade para a construção de um parque eólico offshore no litoral gaúcho.
Como avalia o cenário de inovação no município?
Somos privilegiados por ter a estrutura universitária que temos na região sul. O Oceantec da Furg é um grande ativo; o Conselho Municipal de Ciência e Inovação funciona muito bem, auxiliando muitos empreendedores gratuitamente. Algumas referências na área a professora Sílvia Botelho, Artur Gibbon, Samuel Bonato, que deve assumir o Oceantec em breve, o Núcleo de Inovação da Câmara do Comércio, o Núcleo de Inovação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) são instituições e pessoas que se somam de forma voluntária e sem receber nada, buscando alternativas para as empresas inovarem. Nosso papel enquanto secretaria é fomentar o nascimento e o fortalecimento desses espaços para que todos ganhem enquanto sociedade.
Na área de negócios e empreendedorismo, quais devem ser os principais movimentos?
Outra iniciativa é que além de trazer empresas de fora, também pretendemos incentivar o empreendedorismo local para criação de novas empresas. Normalmente, o crescimento ocorre do centro para as margens. Precisamos descentralizar as ações a partir da criação de um serviço de incubação para propiciar que empresas nasçam de forma descentralizada nos bairros. Quando eu estava na CDL já vínhamos fazendo isso, construímos uma incubadora no Parque Marinha. Com isso, queremos facilitar o caminho para essas pessoas. Pela CDL já estávamos construindo esse caminho, mas ainda faltava o microcrédito. O novo empreendedor estando dentro de uma incubadora, conseguimos garantir esse crédito e ainda acompanhá-lo até que ele pague tudo.
Como amenizar as perdas provocadas pela enchente de maio?
Quem mais sofreu com a enchente é quem menos tem. Várias famílias perderam tudo. Como vamos fazer para que essas pessoas resistam as próximas crises que sabemos que irão chegar? Como fazer que essas pessoas sofram menos? Acredito que uma das formas é incentivar a formalidade a partir da melhoria na qualidade do emprego. Entretanto, ainda tem muitas pessoas que não querem largar a informalidade em função dos benefícios sociais. Precisamos pensar em como fazer para a população sair do bolsa família e chegar em um meio termo? É nisso que vamos começar a trabalhar.