As 24 horas do dia 8 de setembro de 2023 jamais serão esquecidas pela população de Pedro Osório e Cerrito. E o terror da cheia do Rio Piratini, somado à ação do Executivo e Defesa Civil dos municípios, virou documentário. Os registros são do jornalista Luiz Oli Ebersol Junior, 30, que acompanhou a madrugada de tensão dos moradores ribeirinhos e as tomadas de decisões das prefeituras, quando o rio atingiu a cota máxima de 14 metros. Desde os primeiros resgates, até o pedido de ajuda ao Estado e ao Exército, estão no material que pode ser acessado pelo YouTube: 24h: A Fúria do Rio Piratini, pelo link.
Ebersol era assessor de imprensa da prefeitura de Pedro Osório e percebeu que seu trabalho, com a captação de imagens e depoimentos, precisava ser publicado, até como referência para outras cidades. “A proposta é, principalmente, tornar público as ações daquela noite. Uma linha do tempo dos acontecimentos, explicado pelos atores e confirmado com as imagens. No final do meu trabalho, à tardinha do dia 8, percebi que tinha muito conteúdo que merecia ter um trabalho melhor.” A partir dos fatos, o jornalista passou a conversar com os protagonistas da noite e reuniu o material em 30 minutos do documentário.
Para o autor da obra, 24h: A Fúria do Rio Piratini fala sobre a angustiante noite que em meio ao caos despertou a solidariedade. Além dos depoimentos de personagens da noite, como o prefeito em exercício Cal Oliveira (PDT) e o coordenador de Administração Ricardo Alves, na época, e o coordenador estadual da Defesa Civil, tenente-coronel Márcio Facin, o documentário tem ainda a participação do professor e historiador Marcelo Gil, que fala sobre as enchentes de Pedro Osório e suas causas.
Ele conta que em 1914 os sanitaristas construíram vários córregos por causa das epidemias e drenagens de rios, e Pedro Osório cresceu sobre esses córregos. “O primeiro livro publicado sobre Pedro Osório, por exemplo, foi lançado após a primeira grande enchente de 1959. Nossa história está totalmente ligada ao rio Piratini”, destaca o jornalista. Nessa ocasião, quando Pedro Osório é emancipada, o pároco da época atribui a catástrofe à marchinha de Carnaval, e que o povo participava mais de atividades profanas do que religiosas.
Estudo e tecnologia
O documentário encerra com os depoimentos dos professores da UFPel Samuel Beskow e Tamara Beskow, que foram desafiados a fazer a análise do rio e, a partir de então, conseguiram criar um modelo de prevenção de enchentes. Esse modelo deu certo e está sendo seguido em outras localidades. Um exemplo foi o volume intenso de chuva em agosto de 2024, quando a tecnologia previu que o rio poderia chegar aos dez metros, sendo que atingiu só sete e, assim, deixou as autoridades em alerta.
Cidade foi devastada em 1992
Setembro de 2023 causou grandes estragos, mas a grande cheia e que devastou Pedro Osório e Cerrito foi em 1992, quando dos 13 mil habitantes da época, dez mil foram atingidos. Uma ponte caiu e parte do município ficou totalmente isolado. A cidade precisou ser reconstruída.
Apoio
O filme foi produzido via Lei de Incentivo à Cultura, através da Lei Paulo Gustavo. As ações de pesquisas, roteiro, entrevistas e edição duraram cerca de um ano, com apoio da Aquário Comunicação.