Histórias ficcionais e memórias familiares se misturam no livro de crônicas de Cuca Moreira

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Histórias ficcionais e memórias familiares se misturam no livro de crônicas de Cuca Moreira

Publicitário pelotense lança O livro que meu pai não escreveu: Crônicas para algoritmos humanos

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Histórias ficcionais e memórias familiares se misturam no livro de crônicas de Cuca Moreira
Autor diz que obra busca amarrar laços familiares do passado, presente e futuro. (Foto: Divulgação)

Até quando uma pessoa permanece na memória das outras? Esse questionamento foi o catalisador para que um desejo se tornasse um projeto concreto. Assim foi fomentado O livro que meu pai não escreveu: Crônicas para algoritmos humanos, que o publicitário, músico e cronista Daniel Moreira, o Cuca, lançou recentemente. A obra surge para ele como uma forma leve de amarrar laços familiares do passado, do presente e do futuro. A obra, disponível na livraria Vanguarda e na agência Incomum, reúne 90 crônicas publicadas ao longo de quase 20 anos no blog.

“Um livro é uma forma de permanecer. Eu usei muito esse livro para trazer o meu pai (Amilton Moreira, que morreu em 2017), colocar as minhas filhas. Eu coloco na dedicatória para minha mãe, meus pais, minhas filhas, meus netos, meus tataranetos… a ideia é permanecer”, explica o autor. A primeira seleção do publicitário para a obra resultou em 150, das mais de 400 crônicas, textos que ele entregou ao pai para que ele o ajudasse na curadoria.

Seu Amilton não leu todos, mas os avaliou atribuindo notas de um a cinco para cada um deles. O material lido pelo pai de Cuca foi publicado, ainda que tivesse recebido “notas baixas”, até porque algumas das avaliações o autor não concordou. “Mas eu coloquei e pus as notas dele, porque eu queria trazer ele nas páginas”, conta o autor.

Amilton Moreira também tinha encontrado na escrita um prazer e estava escrevendo um romance, que ficou inacabado, daí o título da obra de Cuca. Depois da morte do patriarca, alguns capítulos do livro foram encontrados, mas não toda a obra, o que o músico acredita que possa estar em alguns pen drives descobertos recentemente, mas que ainda não foram abertos. “Eu não sei se tenho autorização dele para entrar nas coisas e publicar, terá que ser uma coisa bem combinada com a minha mãe”, fala ao ser questionado sobre a possibilidade de realizar a publicação.

Reais e imaginadas

E é esse clima de histórias de família em que se alicerça O livro que meu pai não escreveu. Nas crônicas o autor mistura histórias reais, vividas ou contadas por parentes, com relatos fantasiosos. “Todas elas, na maioria das vezes eu dou uma viajada, uma incrementada”, comenta.
As que abordam a família do cronista são baseadas nas personalidades das pessoas, por exemplo. Mas o livro também traz histórias filosóficas, totalmente ficcionais e sobre lugares como Laranjal e Pelotas, claro, costuradas com bom humor e toques de ironia.
Se a família que inspira o publicitário está presente nas narrativas, ela também se insere na obra de outras formas. O autor, que tem duas filhas, de 20 e 15, contou com a ajuda da dupla: a mais velha, Malu, ficou responsável pelo prefácio e a caçula, Alice, pelas ilustrações para algumas das crônicas.

Você faz o preço

Além de todo esse cunho amoroso, o surgimento da obra também vem embalado por uma camada de celebração, no caso à vida do autor, que em setembro de 2024 completou 50 anos. Uma data que o cronista queria que ficasse marcada por uma coisa boa. “Foi uma forma de comemorar”, conta.
E como vender a obra não era uma questão bem resolvida para Cuca, ele resolveu fazer a obra circular de uma forma diferente: ao invés de um valor fixo, na contracapa, Cuca convida os leitores a apoiarem campanhas de financiamento coletivo de outros artistas e criadores em troca de levarem um exemplar para casa. “Não é só sobre comprar ou ler o livro de um amigo. É sobre contribuir para algo maior, ajudar a movimentar a cultura local. A roda precisa girar.”

Informações para contato

E-mail: [email protected]
Instagram: @cucaincomum

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