“É sobre viver com menos, mas aproveitando melhor o tempo”
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“É sobre viver com menos, mas aproveitando melhor o tempo”

Micaela Fasani viaja de motorhome ao lado do namorado e do cachorro de estimação

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Atualizado terça-feira,
24 de Dezembro de 2024 às 12:34

“É sobre viver com menos, mas aproveitando melhor o tempo”
Família paga a viagem vendendo artesanato. (Foto: João Pedro Goulart)

Com interesse em desfrutar de um estilo de vida mais aventureiro e libertador, Micaela Fasani, 34 anos, decidiu deixar sua cidade natal, Buenos Aires, na Argentina, há quase três anos, com a ideia de encarar a estrada em uma viagem de motorhome sem destino definido. Levou consigo apenas o seu namorado, Pablo, que topou a ideia sem pensar duas vezes, e o cachorro de estimação, Clari, companheiro fiel em cada uma das jornadas.

O método “nômade” de viver sobre rodas proporcionou que o trio conhecesse uma série de países latinos no período em que estiveram viajando. Com a comercialização de artesanato, sempre exposto ao lado do veículo nos lugares por onde passam, a família consegue sustentar a viagem e manter a liberdade que tanto valorizam.

O que motivou vocês a mudar completamente o estilo de vida?

Porque a rotina diária nos cansou. Trabalhávamos, os dois, como funcionários administrativos, em escritórios, de segunda à sexta. E um dia decidimos mudar, preferimos viver viajando. Deixamos o trabalho que tínhamos, deixamos o lugar, vendemos tudo e saímos a viajar em 2022. Logo que saímos, fomos à Patagônia, na Argentina, e depois fomos para o Uruguai, Brasil, Paraguai, e agora voltamos de novo para o Brasil. E tudo de motorhome. Nós montamos o motorhome com o dinheiro que tínhamos na época em que vendemos tudo em Buenos Aires.

O casal teve alguma inspiração principal para começar a viagem?

Vendo viajantes em vídeos na internet, esse estilo de vida nos incentivou. Pensamos: “temos que fazer isso também”. E está sendo muito bom. Durante a viagem, a gente vai vendendo artesanato, conhecendo pessoas e lugares novos. É diferente, mas tem que ser feito. Se a pessoa tem um sonho, é preciso cumpri-lo.

Como foi o desafio de viver apenas com o lucro do artesanato?

Eu fazia artesanatos, mandalas, filtros dos sonhos. Depois, fomos aprendendo a fazer pulseiras, tornozeleiras, brincos. E está dando muito certo, por sorte. Dá para viver tranquilo assim. Também não existem muitas despesas vivendo dessa forma. O maior dos gastos é com o combustível e a comida. Mas todas as despesas que teríamos em uma casa convencional não temos vivendo assim. Tem a manutenção do veículo, mas é bem mais tranquilo.

Como vocês decidem o tempo que ficam em cada lugar e a próxima parada?

Vamos, mais do que tudo, pela intuição. Buscamos onde possa ser mais tranquilo, falamos com a população local. Se não, há um aplicativo onde muitos viajantes colocam avaliações dos lugares por onde passaram, se foi uma experiência boa ou ruim. E aqui, em Pelotas, estamos há mais ou menos 15 dias. Vamos ficar por enquanto, sem muito planejamento, juntando dinheiro para poder seguir viagem depois. No Brasil, já percorremos o Rio Grande do Sul, passando pela praia do Cassino. No Rio Grande do Norte, fomos em Pipa e Natal, por exemplo. Estivemos em muitos outros lugares. Agora estamos descendo porque vamos voltar à Argentina e visitar a família no próximo ano. O Natal e a virada do ano vamos ficar por aqui, no Laranjal ou no Cassino.

O que se aprende tendo esse estilo de vida diferente do convencional?

É uma mudança total. Eu não sou a mesma pessoa de quando saí de viagem. Todos os anos, vamos aprendendo um pouco mais, sabendo mais sobre viver com menos, mas aproveitando melhor o tempo. Conhecer gente nova. Aqui no Brasil, uma cultura nova e outro idioma. É muito bom ver o que se pode fazer sozinho. E Pelotas é muito bom, a população é receptiva. A cidade é bonita, é grande e antiga. Gostamos bastante.

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