O envelhecimento populacional é um assunto que precisa entrar nas rodas de debate e nos planejamentos estratégicos que envolvem a nossa sociedade, seja por entes públicos ou privados. É uma matemática que já está desenhada: vivemos cada vez mais ao mesmo tempo que temos cada vez menos filhos. Dessa maneira, a conta não vai fechar ali na frente. A lógica antiga dos filhos cuidarem dos pais na velhice já não se aplica por razões sociais, logísticas e financeiras. Por isso, é preciso pensarmos em uma maneira de nos organizarmos antes que a questão se afunile ainda mais.
O anúncio do governo do Estado sobre os centros de acolhimento de idosos durante o dia contempla duas cidades da região. E é fundamental esse tipo de iniciativa. Há provavelmente quem vá olhar atravessado para o poder público gastando dinheiro com “creche” de idoso.
Mas o fato é que a curto prazo isso vai ter que ser uma política tão comum quanto a creche de crianças, pelo mesmo motivo. Para as pessoas em idade “produtiva”, é quase impossível parar suas atividades para o ato de cuidar, seja voltado aos novinhos ou aos velhinhos. Também não é todo mundo que tem saúde financeira para arcar com profissionais que façam companhia aos vovôs.
Aí vai entrar o papel do Estado, invariavelmente. É uma ideia que talvez torça narizes, já que vai se criar mais atribuições a um poder público já inchado. Mas os espaços de acolhimento a idosos em horário comercial são uma medida que estimula o emprego nas famílias. Ao oferecer espaços capacitados para isso permite-se que os filhos possam trabalhar, girando a economia da nossa sociedade. Como dito anteriormente, hoje é quase impossível alguém conseguir afastar-se das atividades profissionais para cuidar de alguém sob pena da conta não fechar.
Estamos caminhando para ser uma sociedade majoritariamente idosa. As políticas públicas, quanto antes pensadas, melhor serão executadas. É papel já dos novos governos começar a pensar nisso, o que passa pela qualificação de estruturas. Uma cidade de calçadas esburacadas como Pelotas é uma arapuca para pessoas com mobilidade fragilizada.