A percepção de que programas sociais devem ser temporários, e não fins, é comum e precisa ser levada em consideração por mais entes públicos urgentemente. Medidas de apoio para pessoas que vivem em crises sociais e econômicas são fundamentais, mas não devem ser a solução para os problemas. O caminho passa diretamente pela criação de uma cultura geral em que eles sirvam como estimuladores para um salto a esse público e isso passa necessariamente pela educação. Só ela é o caminho para criarmos comunidades mais independentes.
É preciso que os governos estejam atentos para não usar como muleta os programas sociais. Eles precisam, sim, oferecer a possibilidade de suporte a quem precisa. Afinal, ninguém está livre de enfrentar problemas e vem a calhar uma ajuda em um país com carga tributária tão alta e tantas taxas a serem pagas. Só que, como medida eleitoreira – da direita à esquerda – muitas vezes as iniciativas são usadas para garantir publicidade política apenas.
Os números de beneficiados não são sinônimo de sucesso. A evolução passaria justamente pela criação de uma maneira de estimular a independência. A vitória é o número de pessoas que já não precisam de auxílios e conseguem liderar a própria vida. Não é vergonha nenhuma receber suporte governamental em momentos de necessidade. O problema é quando o Estado brasileiro não proporciona um trampolim para além deste serviço.
Os programas já têm um braço positivo que é o estímulo à matrícula e vacinação de crianças dependentes dos beneficiários. Mas precisam passar por um caminho em que se crie maneiras de levar seus acolhidos para empregos formais, de maneira a girar toda a cadeia econômica e conseguir também oferecer suporte para outros que venham a precisar. Um programa que só cresce, como o Bolsa Família, só tende a estourar. Não é sustentável. Por isso, passou da hora do governo pensar nele como uma forma de entrada ao mercado de trabalho, muito além de uma iniciativa de distribuição de renda.