Rodrigo Prietto, 38 anos, é um empreendedor lourenciano. Quando tinha cerca de 15 anos, passou por um período complicado. Começou a usar drogas pesadas e enfrentou 20 anos de dependência, com 17 internações. A transformação veio quando fortaleceu sua fé, há quatro anos. Durante a pandemia, iniciou a venda de roupas com poucos itens, de porta em porta, e enfrentou a desconfiança devido ao seu passado. Com perseverança, ganhou a confiança da comunidade, expandiu as vendas online e fundou a loja Santa Fé. Para ele, este foi um novo começo.
Como foi o início da história da loja?
Inicialmente, minha loja virtual atendia os clientes apenas por WhatsApp, Instagram e Facebook. Eu ia até a casa deles ou eles vinham até mim, e era dessa forma que nos comunicávamos. Então, decidi abrir a loja física em pouco tempo. A primeira semana foi uma grande alegria, com muita gente vindo me apoiar, conhecendo minha história, sabendo pelo que eu tinha passado e como eu estava agora. No entanto, uma semana após a abertura, invadiram a loja, quebraram os vidros e roubaram mercadorias. Isso foi um enorme prejuízo, não só financeiro, mas também emocional. Passei uma semana dormindo dentro da loja, sem vidros, tudo aberto.
Como foi a retomada?
Esse período foi importante para minha conexão com Deus, que se intensificou. De lá para cá, minha loja cresceu rapidamente. Logo depois, decidi criar minha própria marca, com o mesmo nome da loja: Santa Fé. Hoje, não vendemos apenas em São Lourenço do Sul, mas para todo o Brasil, pelos correios. Meu próximo objetivo é abrir filiais pelo Estado e tornar a marca reconhecida nacionalmente.
Como tem sido o dia após dia desde que sua vida mudou?
Cada dia é uma luta, mas, ao mesmo tempo, me sinto muito forte. Sei que nunca posso achar que está tudo ganho, porque não é fácil. Quando penso no lugar em que já estive e onde estou hoje, tenho plena consciência de que poucas pessoas conseguem essa transformação. Geralmente, permanecem com algum vício. Mas estou há quatro anos completamente limpo, sem uso de qualquer substância que altere meu comportamento. Tenho clareza de que meu caso não é comum, e isso me dá ainda mais força. Não sinto vontade de usar nada, mas, como disse, estou sempre me vigiando e orando para me manter nessa jornada.
E também existem ações especiais de Natal que você lidera. Como funcionam?
Hoje temos uma campanha que se chama “Natal na Fé Solidário Santa Fé”. Todo ano, nesta época, vamos às vilas e regiões mais carentes da cidade, os bairros mais pobres. Não focamos nos bairros mais acessíveis, mas nos extremos da cidade. Este ano, a campanha vai ser ainda maior. Estamos montando cestas básicas e temos uma caixa enorme de brinquedos para meninos e meninas. Tudo isso é feito com meu próprio dinheiro. Não peço ajuda de ninguém: nem nas redes sociais, nem para a prefeitura, nem para amigos ou familiares. É um dinheiro que tiro do meu bolso e faço tudo com a maior boa vontade e amor, como uma forma de gratidão a Deus pela vida que tenho hoje.