A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta crescimento de 5% do PIB do agronegócio para 2025 no país. O índice positivo deverá ser impulsionado pelo aumento da produção primária agrícola, com destaque para os grãos, crescimento da indústria de insumos e da agroindústria exportadora.
De acordo com o presidente da CNA, João Martins, 2024 foi um ano de frustrações. “A expectativa era chegar no final do ano com 350 milhões de toneladas. Isso não ocorreu devido aos adventos climáticos como secas em diversas regiões produtoras no país, uma seca nunca vista em pastagens, e catástrofe no RS. Esse cenário ainda estamos vivendo neste ano”, comenta.
Mesmo com a atualização das projeções negativas, o PIB em 2024 pode apresentar aumento de até 2%, revertendo a tendência de retração do indicador prevista de -1%. A melhora nos preços de alguns produtos agropecuários, sobretudo da cadeia da bovinocultura de corte, deve reverter a tendência de queda observada até alguns meses atrás.
Cenário desafiador
Apesar da perspectiva positiva para 2025, o cenário externo deverá ser desafiador para os produtores rurais brasileiros, comenta o diretor técnico da CNA, Bruno Lucci, especialmente devido aos cenários interno (política fiscal, câmbio, inflação e taxa Selic) e externo.
“Eleição americana terá importante papel na economia. No primeiro mandato do Trump, o dólar ganhou muita força, títulos públicos americanos seguem mais valorizados e isso significa uma fuga de capitais de países menos atrativos e com risco maior”, diz. Conforme Lucci, o dólar mais alto favorece as exportações, porém onera o custo da produção brasileira, visto que boa parte dos insumos adquiridos são precificados em dólar.
Crédito e seguro
Durante a live avaliativa, realizada ontem, a confederação chamou a atenção para a necessidade da política agrícola brasileira encontrar espaço no orçamento público para os desafios a serem superados em 2025.
O agronegócio precisará se organizar para fortalecer a gestão de riscos, manter o crescimento das fontes alternativas de financiamento e adotar estratégias que assegurem a sustentabilidade econômica diante do aumento nos custos de produção. “Diante dos problemas climáticos, de dificuldade de crédito e de preço, o aumento do Seguro Rural seria fundamental para fortalecer as ferramentas de gestão de risco”, comenta Lucci.
O orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) não deve sinalizar aumento para o próximo ano. O recurso previsto de R$ 1,06 bilhão é insuficiente diante da demanda do setor por R$ 4 bilhões.
