No último domingo (8) foi lançado o documentário Entrelaçadas, produzido pelo coletivo Vozes em Movimento, de São Lourenço do Sul. A produção audiovisual é dirigida pela jornalista Gabriela Schmalfuss Borges e traz o artesanato como pano de fundo para entrelaçar histórias, vivências, dores e aprendizados, abordando o papel do artesanato em suas vidas através de entrevistas. O projeto é financiado pela Lei Paulo Gustavo, por meio da prefeitura municipal.
Além de Gabriela, fazem parte da equipe o advogado e documentarista Pedro Henrique Soares e a jornalista Pricilla Soares. Recentemente, o grupo também lançou o documentário No Caminho das Águas, que ressalta a importância das águas do rio São Lourenço, do Arroio Carahá e da Laguna dos Patos para as vidas de São Lourenço do Sul. Ambos os documentários estão disponíveis gratuitamente no canal do Vozes em Movimento no Youtube (youtube.com/@VozesemMovimento). No dia 12 de dezembro, também haverá uma exibição gratuita das produções no Prédio 1 da Furg São Lourenço do Sul, localizado na avenida Mal. Floriano Peixoto, 2236. A atividade é aberta à comunidade em geral.
O que motivou a escolha do tema do artesanato para entrelaçar as histórias do filme?
Acredito que os fios conectam gerações e constroem memórias. As principais lembranças que eu tenho da minha infância, com minha mãe e minha avó materna, são de quando elas paravam suas tarefas cotidianas e sentavam para fazer crochê e tricô comigo por perto. Entendo que o artesanato permite que as mulheres estabeleçam momentos só delas, direcionando sua atenção e explorando sua criatividade em algo pessoal. Acho que essa compreensão me motivou a querer falar mais sobre o tema.
Quais foram os desafios enfrentados pelas artesãs abordados no documentário?
As entrevistadas citaram a pouca valorização do fazer artesanal, principalmente entre mulheres que têm nessa atividade sua fonte exclusiva de renda, e a falta de ações do poder público que tenham como intuito fortalecer o circuito da economia solidária entre as comunidades do território.
Quais são os diferentes modos de fazer artesanato apresentados no documentário?
Focamos em trazer depoimentos de artesãs que trabalham com fios. Entre as entrevistadas, há exemplos de pessoas que fazem crochê, tricô, macramê, redes de pesca e tramas com fios de palha. O título Entrelaçadas é uma analogia tanto para a trama desses fios, como para o que acontece entre cada uma dessas laçadas, considerando os fios que sustentam o feminino.
Como você define o papel do artesanato na vida dessas mulheres?
A partir de pesquisas que fizemos e os depoimentos que colhemos para o documentário, foi possível perceber que o artesanato representa diversos papéis para as mulheres, a depender do contexto. É uma prática cultural que fomenta a interação e a sociabilidade, fortalecendo as redes de apoio femininas, essenciais no combate às diversas formas de violência. Além disso, também aparece como uma fonte importante de renda para algumas famílias, pode aumentar a autoestima, auxiliar na redução de níveis de estresse, ansiedade e depressão, e contribuir com o processo de envelhecimento saudável, por exemplo.