O mercado pecuário gaúcho mantém as projeções positivas para o final de 2024 e janeiro e fevereiro de 2025. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a projeção do arroba deve permanecer com valores em torno de R$ 340,00.
Na avaliação do diretor do Frigorífico Coqueiro, Luiz Roberto Saalfeld, são cinco os motivos responsáveis pelo bom momento vivido pelo setor. A situação de seca e queimadas nos estados do Centro-Oeste, o que reduziu a entrada de carnes desta região no RS, resultando na compra maior de produtores gaúchos; mercado aquecido para as exportações em razão da alta do dólar, aumento do preço de outras proteínas, como a de frango e a de porco, além da demanda maior por gado de reposição.
Para o responsável pelo controle de qualidade de carnes do Supermercado Guanabara, Paulo Fernando Ferreira, hoje existem duas tendências distintas no mercado. O novilho de qualidade, com cortes de maior valorização e dificuldades no varejo para fechar a margem, e o mercado de carnes de menor qualidade. “O consumo de carnes diferenciadas para churrascos e restaurantes é que deverá determinar o tamanho desse mercado”, explica.
Preço para o consumidor
No Rio Grande do Sul, as adversidades climáticas de 2024 vêm impactando a oferta de gado de qualidade, refletindo diretamente o preço final do produto ao consumidor. “Em 35 anos de mercado, eu nunca vivi um ano com tantas adversidades climáticas como foi 2024. Para nós foi um período muito desafiador pela destruição das pastagens. Possivelmente o que mais impactou o preço da carne foi o clima”, avalia Saalfeld.
Conforme o diretor, quem determina o preço da carne acaba sendo o consumidor final, a partir da capacidade de absorção da alta dos preços. As adversidades climáticas e a alta do dólar, também vem contribuindo para o aumento dos custos de produção.
Ferreira reforça que hoje o Estado não está importando carnes de outras regiões, o que associado à baixa oferta de animais para abate e a concorrência do frango e suíno, torna os preços bem mais altos do que há três meses. “Isso se deve principalmente ao final do ciclo de pastagens de inverno e primavera, que não sendo tão boas este ano pelo inverno rigoroso pós-chuvas intensas, antecipou essa baixa na oferta” explica.
O início da virada no ciclo pecuário com a baixa oferta de gado gordo e de reposição, devido à redução de terneiros no mercado e abate de fêmeas, deverá manter um preço em alta para o setor em 2025.