Com o título da Série Prata conquistado no mês passado, o Jaguarão Futsal garantiu o acesso para a Série Ouro de 2025, estadual organizado pela Federação Gaúcha de Futsal (FGFS). Fundado no ano passado, o jovem projeto nestas duas temporadas teve um começo meteórico ao saltar da Série Bronze até a elite, se juntando aos adversários regionais Riograndense, de Rio Grande, e ABF, de São Lourenço do Sul. Existe também a chance de retorno do Paulista. O time pelotense preferiu não disputar a edição deste ano.
Outra atração será a possibilidade de encontro com as potências do futsal brasileiro como Atlântico, de Erechim, ACBF, de Carlos Barbosa, e Assoeva, de Venâncio Aires.
No entanto nem tudo é festa para o Jaguarão Futsal. A participação da equipe ainda está pendente pela necessidade de um maior apoio financeiro para arcar com todos os gastos, pelo menos é o que garante o presidente e jogador, Marcelo Augusto dos Santos.
Conhecido como Celinho, ele indica que sem investimento coloca em dúvida a participação do Jaguarão Futsal na Série Ouro. “Prefiro não entrar do que estar na competição e a equipe ser eliminada por falta de pagamento ou por não conseguir viajar”, diz o fundador do projeto.
De acordo com o repórter Ariom Moreno, está sendo montado um projeto da equipe para tentar captar recursos via governo do Estado e governo federal para disputar a Série Ouro.
“O prefeito já se colocou à disposição para colaborar com a equipe que vai representar o município. Prevendo no orçamento da cidade um determinado o valor para que a equipe possa manter a despesa de transporte, arbitragem, segurança e alimentação”, afirma.
Caso consiga a necessária verba, Celinho planeja qualificar o elenco com até seis reforços. “A gente sabe que a Série Ouro tem um nível bem mais alto”, destaca.
Vaga na Copa dos Campeões
O título da Série Prata também garantiu ao Jaguarão Futsal uma vaga na Copa dos Campeões no ano que vem. Porém, a presença da equipe também não está garantida. Celinho explica que todos os jogadores de sua equipe possuem outros trabalhos e não teriam condições de viajar para disputar uma competição por vários dias. Ele cita o exemplo do técnico Bruno Squeff, que não foi em nenhum dos jogos como visitante durante a campanha do título.
“Elenco de operários”
O elenco também jamais conseguiu atuar de forma completa nos duelos como visitante. O repórter Ariom Moreno diz que a equipe é um “elenco de operários” e cita alguns exemplos. Kainã foi eleito revelação da competição e trabalha no atendimento do hospital da Santa Casa. Já Luquinha trabalha na coleta de lixo e, em um dia que correu cerca de 50 quilômetros, entrou em quadra na semifinal e foi eleito o melhor em quadra.
Praticamente todo elenco do Jaguarão Futsal é formado por atletas da cidade. Um jogador de Arroio Grande, dois de Herval e um de Canguçu completam o plantel. O quarteto recebe uma ajuda de custo.
Um projeto familiar
Celinho também explica como funciona o projeto e o quanto está ligado à sua família neste curto período. Artilheiro da Série Prata com 22 gols, Guga é irmão do presidente e fundador. Já o pai é roupeiro, outro irmão é auxiliar técnico e a mãe trabalha na copa.
“Minha família está toda dentro do Jaguarão Futsal e os guris são todos meus amigos, compraram a ideia junto comigo. Eles entenderam que não tinha como pagar ninguém”, relata.
“Dois anos mágicos”
No dia 23 de novembro, no ginásio municipal Dario Almeida Neves, conhecido como Ferrujão, o Jaguarão Futsal venceu a AVF, de Manoel Viana, por 7 a 5 e conquistou o título da Série Prata.
A taça coroou a grande campanha da equipe da região Sul. Na primeira fase foram sete vitórias e três empates. A única derrota aconteceu nas quartas de final.
No ano passado, a equipe terminou em terceiro lugar na Série Bronze ao ser eliminada na semifinal, mas garantindo o acesso. O projeto nestas duas temporadas tem apenas três derrotas.
Para Celinho, o Jaguarão Futsal teve “dois anos mágicos” e mostrou para muita gente que a Zona Sul tem qualidade e que falta é mais oportunidade aos jogadores da região.
“Foi muito gratificante e é a prova que o futsal na nossa região é muito forte. Eles só precisavam de uma oportunidade. Quando a gente iniciou na Série Bronze muita gente dizia para mim que o time era muito ruim, que o time era um bando de louco. Subimos para a Prata e falavam que a gente iria cair para a Bronze de novo. Tivemos uma belíssima campanha e saímos campeões”, completa o dirigente e jogador.
Outro fator que corrobora o sucesso do projeto é a forma que a população de Jaguarão abraçou a equipe, sempre com ótimos públicos desde o ano passado.