Zona Sul lança consórcio para expandir mercado de produtos de origem animal
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira4 de Dezembro de 2024

Agroindústrias

Zona Sul lança consórcio para expandir mercado de produtos de origem animal

Iniciativa permitirá a comercialização regional e nacional, impulsionando as agroindústrias locais

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Zona Sul lança consórcio para expandir mercado de produtos de origem animal
Fábricas de produtos de origem animal podem ampliar produção (Foto: João Pedro Goulart)

Será lançado hoje o Consórcio Regional de Inspeção de Produtos de Origem Animal, em reunião na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), em Pelotas, às 14h. O consórcio é uma iniciativa que permite a federalização dos serviços de inspeção de produtos, o que representa uma oportunidade de abertura de novos mercados para a produção das agroindústrias instaladas nos 23 municípios da Zona Sul do Estado.

“O trabalho do consórcio se dá, principalmente, através da harmonização do suporte legal e dos procedimentos de inspeção em todos os municípios consorciados, sendo o consórcio um coordenador e catalisador das ações de cada Sistema Municipal de Inspeção (SIM)”, explica Daizon Stoquetti, secretário executivo do Consórcio Público do Extremo Sul (Copes), uma ferramenta de gestão adotada pelas prefeituras da Azonasul visando o desencadeamento de ações com impacto na coletividade e na racionalização das gestões públicas.

Atualmente, as agroindústrias só possuem liberação para vender seus produtos dentro dos municípios onde estão estabelecidas, mas a partir da adesão das prefeituras ao Consórcio de Inspeção do Copes ficam liberadas para comercializar em todas as cidades da região, o que representa um mercado consumidor estimado em 800 mil pessoas.

Em um segundo momento, com o credenciamento das empresas no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos e Insumos Agropecuários (Sisbi) através do consórcio, as agroindústrias regionais poderão distribuir seus produtos por todo o Brasil.

“A partir disso, estima-se um crescimento das agroindústrias da região, tanto em tamanho quanto em quantidade, pois a ampliação do mercado consumidor é essencial para alavancar e viabilizar economicamente as empresas, o que terá importante impacto na agricultura familiar da Zona Sul, ao agregar valor à produção agrícola e incrementar a renda nas propriedades”, comenta.

Adequações

O engenheiro agrícola Telmo Lena ressalta que é importante entender em que status se encontra o consórcio atualmente. Segundo ele, o processo começa com a indicação de estabelecimentos pelas prefeituras, que precisam adequar suas legislações locais e serviços de inspeção municipal para que possam integrar o consórcio. Uma vez indicados, os estabelecimentos precisam atender aos requisitos do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA), para que possam comercializar seus produtos fora dos limites municipais.

Para Lena, é necessário acompanhar o nível de implementação do consórcio e discutir o assunto em reuniões futuras. “Esse é um projeto meu. Comecei a trabalhar há quatro anos, junto com o Sebrae. A gente pegou ideias junto ao consórcio de Bento Gonçalves. É importante, mas temos que entender que isso não é para agora, e entender em que nível está. Por isso é importante a reunião de hoje”, explica.

Modelo de referência

Um modelo de referência usado foi o consórcio de Bento Gonçalves, que já possui experiências consolidadas nessa área. Em julho, o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Serra Gaúcha (Cisga), através do diretor-executivo, Rudimar Caberlon, participou de encontro em Pelotas para tratar sobre a implantação do Consórcio de Inspeção do Copes.

O Cisga é constituído por 26 municípios, com sede em Garibaldi. Segundo Caberlon, o modelo desenvolve projetos com dois objetivos:

  • Compras compartilhadas, onde se produz economicidade para os municípios, considerando o volume. Medicamentos, material ambulatorial, pneus, material de expediente, material de escritório, cercamento eletrônico, aquisição de lâmpadas de led, além de outras demandas aprovadas pela Assembleia dos Prefeitos, estão entre os principais itens de compras compartilhadas;
  • Desenvolvimento de projetos integrados nas áreas de turismo, gestão pública, meio ambiente, segurança e agricultura.

Desafios

A realidade de cada município e legislações dos serviços de inspeção é vista como um desafio, assim como a necessidade de uniformizar as legislações e a qualificação permanente dos médicos veterinários e equipes.

Avaliação positiva

“O consórcio tem impactado as agroindústrias de forma extremamente positiva, pois através da qualificação permanente dos médicos veterinários e da uniformização de legislação, garante um trabalho mais qualificado e assertivo junto às agroindústrias”, analisa Caberlon. Além disso, com a adesão ao Sisbi-POA, o consórcio também permite que as agroindústrias possam, após a supervisão, comercializar produtos em todo o território nacional, ampliando a produção.

Mais produção e empregos

Elias Bergman é sócio de uma empresa de embutidos em Pelotas. Ele explica que caso o consórcio seja implementado na Zona Sul, a produção da empresa mais que dobraria, o que também teria como efeito a geração de empregos por uma necessidade de aumento no quadro de funcionários.

“Hoje estamos limitados ao nosso município. A nossa empresa tem bastante capacidade ociosa, a gente usa um terço do que ela poderia produzir. Mandando para outros municípios da região, poderíamos produzir em torno de 40 toneladas por semana. Hoje é um terço disso”, diz.

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