Arrozeira é assaltada e funcionários ficam de reféns por cinco horas
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Segunda-Feira25 de Novembro de 2024

Criminalidade

Arrozeira é assaltada e funcionários ficam de reféns por cinco horas

Bando fortemente armado tinha como alvo fios de cobre, o que vai deixar a indústria inoperante por sete dias

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Arrozeira é assaltada e funcionários ficam de reféns por cinco horas
Objetivo dos criminosos era levar apenas fios de cobre da indústria. (Foto: Jô Folha)

Quanto vale um quilo de cobre derretido? Para a Arrozeira Pelotas, vai custar sete dias de operações e milhões de reais em prejuízos. Na madrugada de domingo (24), sete homens fortemente armados e encapuzados entraram pelos fundos da indústria, pela BR-392, e renderam os dez funcionários do turno da noite.

O alvo era apenas fios de cobre, mas os estragos foram inúmeros à empresa de beneficiamento de arroz. O bando começou o arrastão rendendo o guarda. Depois fizeram localizar todos que atuavam no turno, principalmente o eletricista. Ele foi obrigado a dizer onde estavam as subestações de energia e desligar todo o sistema que faz funcionar imensas esteiras, caldeiras, máquinas e equipamentos.

Os bandidos reviraram, primeiramente, o sistema de comunicação da empresa, para que ninguém avisasse a ação. Depois, arrancaram as câmaras de videomonitoramento. Dos cinco veículos que estavam no local – o bando entrou pelo campo e a pé – três foram totalmente inutilizados para evitar a fuga de algum refém antes de eles terminarem o serviço. Os outros dois foram levados pelos bandidos. No escritório, reviram armários, arquivos, gavetas, mas só o que interessava eram os fios.

Em cada parte da fábrica, se via o esforço em arrancar ramos com fios de energia – muitas vezes puxados pelo carro, ou tratorzinho. O que não servia ou estragava, ficava pelo caminho, assim como as várias ferramentas utilizadas no roubo. Outro equipamento foi danificado de propósito. O maior temor dos empresários é que com o desligamento da caldeira, ela pode ter estragado por ficar sem água. Se isso se confirmar, são mais de 30 dias sem produção.

Horas de terror

Durante toda a ação, os dez funcionários estavam sob ameaça de armas. “O eletricista chegou a avisar que o cabo poderia dar choque e o bandido disse, ‘queres morrer energizado ou com uma arma de fogo?’”, contou um dos funcionários na tarde deste domingo, enquanto mostrava os prejuízos. Ele prefere não se identificar. Os celulares dos reféns foram recolhidos e todos foram mantidos presos dentro de um contêiner por quase cinco horas. A porta por fora ficou trancada com um pé de cabra e a libertação só se deu quando os servidores conseguiram mobilizar a peça por uma fresta enferrujada.

Ainda pelo caminho, os bandidos abandonaram 20 sacos com fios de cobre. O que não interessou à quadrilha foi justamente o que mantém a empresa em funcionamento 24 horas por dia. “Aqui tinham carretéis com fios para uma nova obra que iriamos dar início”, revelou outro funcionário. Eles ainda não conseguiram mensurar a metragem de fios roubada, mas a tensão é com os colaboradores que estiveram por horas nas mãos dos bandidos. “O abalo emocional dos nossos colegas é o que mais preocupa.”

A empresa está com um navio pronto para sair com a mercadoria que abastece o país e o exterior, mas agora ficará sete dias sem produzir. “O nosso prejuízo não tem como recuperar. O que queremos é que a polícia tome medidas para que isso não se torne comum e ocorra com outras indústrias”, desabafa. De acordo com os dois colaboradores, este foi o quarto roubo desse nível em dois meses, só em empresas de Pelotas.

O que dizem as polícias

O comandante do 4º BPM, tenente-coronel Paulo Renato Scherdien, diz que as ações são de trabalho com o serviço de inteligência. “Também intensificamos ações de policiamento ostensivo em horários de maior incidência”. Para o delegado Regional da Polícia Civil, Marcio Steffens, é muito importante que as pessoas registrem esses fatos, pois a polícia está priorizando casos com violência.

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