O fanatismo e o radicalismo político voltaram a dar as caras no Brasil, que começa a criar uma tradição própria de terrorismo, até agora, felizmente, com pouco sucesso. O ambiente republicano não pode se tornar espaço para a tentativa de assassinato de um candidato à presidência, como aconteceu com Bolsonaro em 2018, para a tentativa de golpe de estado, como em 8 de janeiro de 2023, para a violência armada em eleições, como a que ocorreu em Bagé este ano, e para o terrorismo em plena Praça dos Três Poderes.
Não se pode ter sutilezas e meias palavras: o que aconteceu esta semana, em frente à sede do STF, é sim terrorismo. Pouco importa que Francisco Wanderley Luiz seja um radical despreparado e com métodos pouco sofisticados. Houve uma clara premeditação, e que ele tivesse evidentes desequilíbrios mentais não diminui a gravidade do que aconteceu, afinal, não existem terroristas equilibrados.
O ódio político entre as pessoas e contra as instituições, propagado abertamente nas redes sociais, cria um terreno fértil para extremistas que, mesmo que isolados, são cada vez mais numerosos e violentos. Por muito pouco, não testemunhamos tragédias, mas quanto tempo levará até um fanático ser bem sucedido e conseguir levar ao cabo a sua sina?
A violência e o terror não podem ser tolerados. Se a má política é a origem desse radicalismo, é a boa política que tem a obrigação de oferecer um antídoto, que responda aos anseios reais da população. Radicais na teoria e na prática precisam ser tratados como radicais, e não como participantes legítimos do espaço público. É necessário um choque civilizacional, ou corremos o risco de descambar para a barbárie.