A crescente popularização das apostas esportivas no Brasil traz um problema de urgente relevância à tona: o vício em jogo afeta diretamente a qualidade de vida das famílias. Desde que o mundo é mundo, as apostas fazem parte das relações humanas. Há o desejo do ganho fácil, de ter a sorte ao seu lado, ou de ter uma técnica própria para lucrar. No entanto, o jogo de azar, como o nome já diz, traz prejuízos que estão sendo sentidos pelo comércio, rede bancária e impacta inclusive nos auxílios sociais ofertados pelo governo.
Tal popularização tem afetado inclusive a idoneidade do esporte. Vem sendo constante no noticiário os relatos de manipulação no esporte, da primeira à última divisão – houve, inclusive, em Pelotas esse tipo de situação, em 2022, envolvendo o Farroupilha. Tudo isso expõe uma fragilidade social, intelectual e comunitária envolvendo a jogatina, o crime organizado, o fácil acesso às bets e o mercado publicitário tratando algo perigoso como entretenimento. O próprio jornalismo, usando as probabilidades, ou odds, como parte das pautas esportivas, também precisa olhar para si mesmo e refletir. Até o momento só o The Guardian, da Inglaterra, deu passo atrás e passou a não promover esse tipo de publicidade.
A questão vem comprometendo a renda do brasileiro e é uma crise crescente no cenário nacional. É hora dos legisladores prestarem atenção pois, mesmo com a nova legislação e a tentativa de ter controle sobre o mercado, ainda há um acesso desenfreado e amplo para uma população com baixa percepção intelectual e emocional ao lidar com esse tipo de situação. Recentemente, pesquisas apontaram que restaurantes notam impacto no consumo, o Bolsa Família vem sendo destinado a este fim e até casamentos vêm acabando por conta do vício na jogatina.
A situação está aí e pede uma solução. É hora de pensar. Tornou-se questão de relevância comunitária em todo o país.