Tânia Tunes Furtado, 61 anos, trabalha com lã desde 2000. Começou a carreira no artesanato trabalhando apenas com o bordado. Depois que aprendeu a utilizar a tecelagem em suas produções, decidiu criar um grupo chamado “Ladrilã”, em que o cerne é o uso da lã de ovelha na confecção de diversos artefatos. Atualmente, o grupo conta com exposições em Paris e Londres. Além disso, mais recentemente, o Ladrilã recebeu um prêmio pelo “Museu Casa do Objeto Brasileiro”, também conhecido como “Museu A Casa”. No museu, que fica em São Paulo, uma luminária feita pela equipe de artesãs ficará exposta durante quatro meses.
O que te motivou a começar a trabalhar com lã e como foi a transição do bordado para a tecelagem?
Eu comecei com a carreira de artesã bordando tapetes. Com o decorrer da prática nesse meio, acabei conhecendo o tear e me apaixonei pela tecelagem. Então, procurei aprender e comecei a produzir cachecóis e mantas.
Como surgiu a ideia de criar o grupo Ladrilã, e quais são os principais objetivos do trabalho de vocês?
O Ladrilã surgiu de juntar algumas pessoas que criavam ovelhas e não sabiam o que fazer com a lã. Eu já estava com uma consultoria pelo Sebrae e surgiu a oportunidade de unir o artesanato de várias cidades em um único grupo que trabalhasse a linha de decoração. Criamos, então, uma coleção com consultoria com designer. Fizemos todo o processo junto ao Sebrae, desde a formação de preços até as feiras que realizamos em São Paulo para abrir mercado. O objetivo é divulgar a nossa lã, um material fantástico, cultuar técnicas que estão quase em extinção, como a fiação na roca, e mostrar que a lã pode estar em qualquer ambiente de uma casa, e no vestuário do dia a dia.
Que tipos de produtos vocês desenvolvem no grupo?
Hoje, o grupo trabalha com uma linha de mantas, luminárias e almofadas, tudo produzido com uso de técnicas de crochê, tricô, maxi tricot e feltragem. Estamos sempre buscando aprimorar novas técnicas e maneiras de usar a lã. Temos, hoje, uma parceria com um designer que já conquistou vários prêmios com produtos desenvolvidos por nós. Temos, também, lojas super conceituadas no Brasil todo, com produtos feitos aqui em Pelotas.
Quais foram alguns dos desafios e conquistas mais marcantes ao longo da sua trajetória no trabalho com lã e com o Ladrilã?
Um dos principais desafios foi fazer as coleções do designer Tiago Braga, porque foram peças diferentes, onde usamos, basicamente, a feltragem, além de produtos inovadores, misturando várias técnicas, o que foi mais complexo de fazer.