Pelotas busca adequações e trabalha possibilidade de transformação em SAF

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Pelotas busca adequações e trabalha possibilidade de transformação em SAF

Amparado por duas empresas especializadas, clube procura estratégias de valorização

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Pelotas busca adequações e trabalha possibilidade de transformação em SAF
Recentemente foi apresentado relatório ao Conselho sobre alternativas da nova legislação (Foto: Jô Folha)

Uma eventual transformação futura em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) também vem sendo estudada na Boca do Lobo. Amparado por duas empresas de consultoria que assinaram no ano passado um contrato válido até setembro de 2025, o Pelotas busca estratégias de valorização. Paralelamente, o clube já se posiciona no mercado como um possível alvo de interesse de investidores.

Os acordos com a Russell Bedford Brasil e a Mirar Contabilidade renderam um diagnóstico detalhado da situação do Áureo-Cerúleo. Segundo o conselheiro e ex-presidente Luis Antônio de Mello Aleixo, nomeado interlocutor do Lobo no contato com as empresas, as companhias estão “por dentro de tudo”: credores do clube, origem dos recursos e possíveis penhoras, por exemplo.

“São possibilidades. Não está definido o que o Pelotas vai fazer ou não. É uma análise, um diagnóstico, uma projeção. Se chegar ao ponto, no final do contrato, ou antes, ou depois, de aparecerem propostas, vão ser analisadas pelo Conselho”, garante Aleixo. “Temos que valorizar o produto Pelotas. Procurar uma competição nacional, valorizar o entorno do estádio, fazer melhorias”, completa.

Nova realidade

O conselheiro e ex-presidente cita clubes como Cruzeiro, Botafogo e Vasco, que enfrentavam situações financeiras delicadas e conseguiram iniciar recuperação após transformação em SAF. “Essas mudanças causam algumas dúvidas, e é importante que surjam dúvidas. A falta de informação é fatal. Gostei muito de uma frase que ouvi: a dor tem que ser maior que o medo da mudança”, afirma Aleixo.

Ele descarta a hipótese de solicitação de Recuperação Judicial (RJ), solução encontrada por times altamente endividados como Paraná, Náutico, Figueirense e Joinville. Segundo Aleixo, as dívidas do Pelotas “não são insignificantes, mas plenamente administráveis”. É necessário, porém, maior poder de investimento no futebol.

“Com aquele modelo antigo, de doação, dos dirigentes custearem as despesas, nós nos encaminhamos para um final muito trágico. Não o Pelotas, mas o futebol. Não adianta dizer ‘ah, porque na minha época…’. A ‘minha época’ tem que ser essa. O Pelotas chegou a ter 53 aluguéis [no entorno do estádio]. E muita coisa ainda é paga pelos aluguéis”, defende o conselheiro.

Especialista

Um dos áureo-cerúleos que participam do grupo de trabalho liderado por Aleixo é o também conselheiro Ricardo Gehling. Desembargador aposentado, tornou-se especialista na legislação da SAF no Brasil e integra o grupo que estuda alternativas de profissionalização do Pelotas para eventual transformação em SAF.

A comissão do Lobo recentemente apresentou um relatório ao Conselho sobre todas as atividades desenvolvidas e as diversas possibilidades previstas na nova legislação. Segundo Gehling, a busca por potenciais investidores em uma eventual SAF existe desde a assinatura do contrato com as empresas parceiras, mas não há proposta concreta.

“Só a criação de uma SAF não resolve o problema principal de um clube, que é a existência de recursos para gerir o futebol. O dinheiro não cai do céu, então a implementação de uma SAF só se torna efetiva se houver concretamente a possibilidade de um aporte de investimento”, diz o especialista.

Conselho aprova

Qualquer proposta para adquirir ações de uma eventual SAF azul e ouro precisará ser aprovada inicialmente no Conselho, órgão em que houve unanimidade dos integrantes para permitir o começo do estudo das duas empresas no ano passado. O debate será aprofundado em nova reunião ainda sem data.

“As etapas estão sendo cumpridas. Todo o processo está seguindo as normas estatutárias e as deliberações do Conselho”, assegura o presidente do Conselho, Moacir Elias, que afirma que o órgão está “satisfeito” com o andamento do estudo da Russell Bedford e da Mirar.

SAF no país

A transformação de clubes brasileiros em Sociedades Anônimas do Futebol passou a ser permitida em agosto de 2021, quando a Lei 14.193/2021 foi aprovada no Congresso. A legislação incentiva a migração da operação de clubes de associações civis sem fins lucrativos para associações empresariais.

A lei obriga que a associação permaneça com no mínimo 10% das ações da SAF. Esse percentual garante o domínio sobre o patrimônio material e a marca do clube. Cores, hino e escudos, por exemplo, não podem ser alterados pela SAF, apenas pela associação. Vale lembrar que o caso do Bragantino, transformado pela Red Bull em 2019, aconteceu antes da promulgação da chamada Lei da SAF e não se enquadra nos mesmos critérios.

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