Importada da Alemanha há cerca de 110 anos, a torre do Mercado Central de Pelotas, um dos símbolos mais notórios de Pelotas, está em estado avançado de degradação. O monumento constituído de ferro forjado apresenta vários danos causados pelo tempo e pela umidade.
Entre os estragos na estrutura estão corrosão, fissuras e ferrugem. Conforme relatos de permissionários do Mercado, há pelo menos dois anos eles solicitam ao poder público a realização de manutenções.
Além dos reparos necessários no exterior e interior do pavilhão de ferro, o relógio e o farol no topo da torre também estão danificados. De acordo com a permissionária, Jordana Lima, faz ao menos 12 anos que o relógio não funciona plenamente. “Solicitamos há muitos anos manutenção nele também. Chove em cima da máquina, é uma peça histórica maravilhosa”.
A ferrugem que toma conta da torre e é responsável pela corrosão seria intensificada pela chuva que infiltra dentro do monumento devido aos vitrais quebrados. “Muita ferrugem, vidros que precisam de reposição. Está enferrujado, pois chove dentro em virtude desses vidros estarem muito tempo quebrados. Mas a associação fez inúmeros pedidos para a substituição”, destaca.
O permissionário Marcelo Santos subiu na torre há pouco tempo. Técnico eletromecânico ele enumera os danos encontrados. “A situação lá em cima é deplorável, tanto a parte de dentro na estrutura metálica quanto nas instalações elétricas, é crítico”. Santos relata ainda que foram colocadas mantas asfálticas para diminuir a extensão dos problemas. “Foi feito como paliativo, mas não funcionou”.
Com vitrais quebrados, chuva infiltra no farol da torre. (Foto: Jô Folha)
Os permissionários contam ainda que frequentemente é possível escutar pedaços de material enferrujado, que se desprendem dos ferros, caindo em cima dos telhados do Mercado. “A gente tem medo que daqui a pouco venham os Bombeiros e interdite o Mercado por causa disso, porque a estrutura está corroída”, diz Santos.
Um profissional que preferiu não ser identificado aponta que a torre está em um avançado processo de degradação, o que exigirá uma intensa restauração. “Tem que restaurar o relógio, os vitrais, reparo de peças e no suporte”. Trabalho que deve levar pelo menos mais de um ano para ser realizado.
Símbolo negligenciado
Um dos pontos mais visitados de Pelotas, o Mercado Central é o primeiro prédio histórico que surge como resultado ao pesquisar pela cidade na internet. A torre do relógio que passou a integrar o local a partir de uma inspiração da torre Eiffel também cumpre o papel que o monumento francês tem de representar Paris. “Muitas empresas e instituições usam o Mercado como divulgação de eventos e ações. Então quando se fala em Pelotas, o mercado, a sua torre sempre vem na mente das pessoas”, enfatiza Jordana.
Diante da deterioração da estrutura, a comerciante diz que a Associação de Permissionários do Mercado Central tem trabalhado para mobilizar uma restauração do monumento. “Para a manutenção e cuidado com o nosso Mercado, para termos ele sempre atuante e vibrante”.
Laudo do restauro
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Inovação, em razão da extensa intervenção necessária na torre, a pasta está em contato com profissionais da área para viabilizar a confecção de um laudo com estimativa de valores.
A última intervenção realizada sob a responsabilidade da Secretaria de Cultura (Secult) foi concluída em 2011, contemplada pela obra de Restauração e Requalificação do Mercado Central via Programa Monumenta. Nessa intervenção foi realizado tratamento antiferrugem, preparação para pintura, pintura e conserto do relógio da torre.
