“Que os leitores tenham uma visão das estruturas sociais mais profundas do Brasil”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira14 de Novembro de 2024

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“Que os leitores tenham uma visão das estruturas sociais mais profundas do Brasil”

Doutora em sociologia, Mariana Selister Gomes lança livro neste sábadono Museu do Doce, em Pelotas

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“Que os leitores tenham uma visão das estruturas sociais mais profundas do Brasil”
Autora da obra é professora na UFSM. (Foto: Divulgação)

Neste sábado (9), às 16h, o Museu do Doce (UFPel) recebe o lançamento do livro Brasil Interseccional: Passado, Presente e Futuro das nossas Lutas, de autoria da professora da UFSM, Mariana Selister Gomes. Na ocasião haverá um bate-papo sobre o livro com a autora e a diretora do Museu, Nóris Leal, além de sessão de autógrafos. Mariana tem parte da história de sua família escrita em Pelotas, já que seus pais são formados pelas universidades da cidade. Ela é historiadora e socióloga, com graduação e mestrado pela UFRGS. É doutora em sociologia pelo ISCTE-IUL, de Lisboa. Atualmente, é docente na UFSM.

Por que a interseccionalidade é importante para entender os problemas do Brasil?

A perspectiva da interseccionalidade surge a partir do pensamento da brasileira Lélia Gonzalez, intelectual e ativista negra, e da norte-americana Angela Davis. E as duas, no final da década de 1970 e 1980, discutiram a importância de pensar o racismo, o machismo e o capitalismo de forma articulada. Essa perspectiva vai entender vai receber o nome de interseccionalidade nos anos 2000, a partir da jurista norte-americana, negra, Kimberley Crusoe, que vai fortalecer o conceito de que nós precisamos ver essas três grandes estruturas de poder de forma articulada. O Brasil é marcado por essas três grandes estruturas de poder: patriarcado, racismo e capitalismo. E a interseccionalidade nos ajuda a entender os problemas daqui.

Qual foi o maior desafio que você encontrou ao escrever este livro com uma narrativa acessível?

Foi um desafio escrever com uma narrativa para um público mais amplo, porque eu estou mais habituada a escrever para os meus pares, ou seja, outros cientistas sociais, professores universitários. E o objetivo do livro é trazer teorias, conceitos e discussões acadêmicas, tanto que o livro tem uma bibliografia bem vasta, mas com uma leitura mais acessível e interessante. Contei com a ajuda do meu tio, Leandro Selister, que fez a ilustração de capa do livro, e que foi um leitor crítico também, contribuindo no sentido de transformar aquela escrita mais acadêmica, em uma narrativa que chame a atenção do público e que seja, ao mesmo tempo, prazeroso de ler. Ainda, que traga reflexões profundas sobre a sociedade e contribua para a compreensão de conceitos teóricos da ciência sociais.

Qual é o papel dos movimentos sociais na luta contra as desigualdades que você aborda no livro?

São os movimentos sociais e os intelectuais orgânicos desses movimentos, que somam os papéis de ativistas, militantes e intelectuais, que vão estar pautando tanto a luta política e social por direitos, quanto a explicação das nossas desigualdades, que precisam ser então enfrentadas. Desde o século 19, é dessa forma que a gente tem os grandes avanços sociais, com a luta dos movimentos e ao mesmo tempo com a explicação que intelectuais trazem sobre a sociedade. O feminismo é um movimento social e político, onde as intelectuais são também ativistas. O movimento negro, da mesma forma, é um movimento social, político e intelectual, que vai desvendando o racismo, ao mesmo tempo que luta contra ele. Os movimentos sociais têm um papel muito importante tanto para desvendar as realidades sociais, quanto para lutar para que elas sejam combatidas do ponto de vista das políticas públicas e da transformação social.

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