Feito o leilão que sacramenta a venda do complexo leiteiro da Cosulati, em Capão do Leão, paira no ar o clima de incerteza sobre o futuro das estruturas, que já foram referência estadual, e da cadeia leiteira da região. Ainda sem detalhes sobre o comprador, apenas dados básicos levantados, a curiosidade vai para entender o que será feito com todo aquele espaço e equipamentos e se isso impacta na cadeia leiteira da Zona Sul.
Nos bastidores, especula-se que o leilão tenha sido vencido pelo Movimento Sem Terra (MST), com o interesse de utilizar o espaço para sua cooperativa de laticínios. No entanto, a suposta vencedora do certame é ligada ao setor extrativista mineral, com sede em um coworking, e sócios com conexões em diversas outras empresas. Tudo isso tem que ser deixado claro o quanto antes, a fim de trazer clareza ao processo e um pouco mais de certeza a uma região que ainda sofre com a quebra de uma das suas “galinhas dos ovos de ouro”.
O fim da Cosulati é um trauma ainda a ser lidado pela comunidade da Zona Sul. Comunidades de Capão do Leão, Canguçu e Morro Redondo viram centenas de famílias de funcionários perderem seus empregos sem qualquer suporte do dia para a noite. Espera-se que agora os valores do complexo, vendido por R$ 50 milhões – metade do valor de avaliação, aliás – sejam usados para quitar os R$ 30 milhões em débito com essas pessoas. Fora isso, ainda há mais um montante gigantesco de valores a ajustar com os produtores de insumos, os colonos, que sofreram um baque inacreditável em suas economias e produções por causa do escândalo que envolveu o fechamento da cooperativa.
Seja qual for o destino do espaço, é momento da região ficar de olho para que seja feita uma tentativa de retomar o setor leiteiro, aviário e de rações de uma maneira limpa e honesta, que leve os interesses dos trabalhadores, fornecedores e da região em consideração. Além disso, o escaldo que foi a experiência anterior reforça a necessidade de atenção e vigilância para os próximos passos.