A retenção de cerca de R$ 300 mil oriundos do quadro social é um dos principais desafios enfrentados pela direção do Brasil. O bloqueio do valor resulta de uma ação judicial em que o clube não apresentou defesa, ainda sob comando de gestões anteriores. Segundo o presidente eleito Vilmar Xavier, o montante serviria para quitar despesas do último quadrimestre de 2024.
“O confisco da receita do sócio quebrou o nosso orçamento. Esse era o nosso orçamento de setembro, outubro, novembro e dezembro para quitar essas dívidas, as rescisões dos jogadores. O jurídico está atuando para reverter. A receita ficou na Justiça. Se liberar, o clube recebe R$ 300 mil, mais ou menos. A gente contava com essa receita, e ela está desde julho retida”, afirma o dirigente.
Ainda conforme Xavier, o processo gerador da retenção do valor foi movido por uma empresa que alega ter intermediado contratos de patrocínio entre clubes e o Banrisul. De acordo com ele, Caxias, Juventude e Ypiranga teriam enfrentado a mesma ação em 2018, mas se defenderam e ganharam a causa.
“O Brasil nunca se defendeu. Teve três audiências e foi julgado à revelia. Agora, na nossa gestão, fomos à juíza para extinguir nosso processo. Mostramos que nos outros casos houve ganho de causa para os clubes. Ela disse: ‘depois de três ações, voltar agora?’. É a mesma que um jogo ter três prorrogações e tu ter prorrogação da prorrogação”, diz o dirigente.
Transfer ban
O Xavante não pode registrar novos contratos neste momento porque encara mais um transfer ban – proibição de inscrição de atletas devido a dívidas. Um dos credores da causa é o técnico Thiago Gomes, que trabalhou no clube em 2022 e já havia motivado a mesma sanção durante o ano passado. O outro é uma empresa de agenciamento de jogadores.
“É uma dívida bem antiga. Temos uma empresa e o Thiago Gomes [buscando receber]. No ano passado, em dezembro, existiu um transfer ban. Nossa Executiva, que assumiu em outubro [de 2023], pagou uma parte (30% ou 35%) e ficou de cumprir o parcelamento [com Thiago Gomes]. E aí não cumprimos o parcelamento, então voltou”, admite o presidente eleito.
Apesar do transfer ban, Vilmar Xavier adota um discurso de tranquilidade. “Agora os valores são muito menores, nada que a gente não possa resolver até o fim do ano. Para nós não é muito preocupante porque os valores não são elevados”, completa.
Dívidas
Conforme o atual vice de finanças e futuro presidente – será empossado em dezembro -, a dívida total do Rubro-Negro está na casa dos R$ 40 milhões. O último balanço oficial divulgado pelo clube, referente a 2023, aponta R$ 19,7 milhões. Esporadicamente as contas sofrem bloqueios, algo que a direção não trata como um problema significativo.
Ainda segundo Vilmar Xavier, estão pendentes valores de rescisões dos jogadores do elenco de 2024. Parte do último salário também não foi pago, o que o clube espera resolver até o fim do ano. Em relação à temporada encerrada, falta quitar ainda uma premiação ao técnico Fabiano Daitx, que dirigiu o time no Gauchão, e parte da rescisão da comissão dele.
“Nós só gastamos o que recebíamos. Chegaríamos ao fim do ano quase taco a taco. Fizemos um time bem modesto, a menor folha do Gauchão, para não comprometer, e iríamos chegar quase taco a taco. Ficaríamos com a dívida do Fabiano [Daitx], da comissão técnica”, afirma o dirigente, referindo-se a uma consequência da retenção da receita dos sócios.