Com pagamentos em atraso há cerca de 20 dias, os médicos da Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul podem paralisar as atividades. A deliberação sobre a medida ocorrerá em assembleia extraordinária chamada pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) na noite de hoje. Em setembro do ano passado, a categoria já havia deliberado uma greve devido ao atraso e parcelamento dos salários.
De acordo com o Simers, a falta de pagamento em dia pelo hospital seria um problema que se arrasta há cerca de dois anos. Em 2023, os profissionais teriam ficado em torno de cinco meses sem receber. “São basicamente atrasos e não pagamento dos honorários dos médicos”, diz o presidente do sindicato na região sul, Marcelo Sclowitz.
No final do ano passado, os médicos teriam começado a receber a partir de um empréstimo pessoal realizado por eles e que as parcelas eram pagas pela Santa Casa. Porém os pagamentos das mensalidades também teriam sido retardados. “No final do ano passado, foram colocadas as contas em dia, só que ao longo deste ano vêm acontecendo novos atrasos”, pontua.
Segundo o Simers, atualmente após acordo com a instituição, os profissionais recebem 40 dias depois do mês trabalhado, dessa forma, o pagamento de agosto deveria ocorrer no dia 10 de outubro, mas até o momento não teria sido realizado. “É uma situação que está se cronificando, com os últimos atrasos, os médicos já não aguentam mais essa situação incerta, nunca se sabe quando vai receber”.
Falta de diálogo
O presidente do Simers alega ainda que o sindicato mantinha diálogo com a antiga gestão da Santa Casa em busca de uma solução conjunta, porém a comunicação teria sido cortada a partir da mudança da nova mesa diretiva. “Tentamos algumas vezes oficiar o hospital, pedir reunião, mas a direção do hospital não responde aos ofícios do sindicato”.
A assembleia
Diante da situação, o sindicato convocou uma assembleia extraordinária para debater a possibilidade de paralisação das atividades. De acordo com Sclowitz, a tendência é pela aprovação da greve. “Os médicos já vêm há dois anos nessa situação, então estão cansados e pensam em uma paralisação de serviços, caso não tenha a colocação dos honorários em dia”, afirma.
Em caso de paralisação, os serviços comprometidos deverão ser os procedimentos eletivos, já o atendimento de urgência e emergência deve ser continuado.
A Santa Casa
Com 76 anos de atuação, a Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul possui 109 leitos, dos quais 93 são colocados à disposição do SUS. Conforme o quadro de funcionários da instituição, são 36 médicos atuando no hospital.
O presidente da Santa Casa, Cristiano Altenburg, alega que a situação não seria da forma colocada pelo Simers e que a instituição se posicionaria por meio de uma nota. Porém o comunicado não foi emitido até o fechamento desta edição.