Cenário eleitoral em Pelotas aponta desafios
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira30 de Outubro de 2024

Eleições 2024

Cenário eleitoral em Pelotas aponta desafios

Analistas políticos avaliam a Eleição e as dificuldades que virão pela frente

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Cenário eleitoral em Pelotas aponta desafios
Marroni venceu por pouco mais de 1,2 mil votos de diferença. (Foto: Jô Folha)

Em um pleito acirrado, com apenas 1.263 votos de diferença entre Fernando Marroni (PT), eleito prefeito com 50,36%, para Marciano Perondi (PL) com 49,64% da preferência do eleitorado, o cenário projeta grandes desafios para o novo governante que agora precisa atender a todos eleitores e cidadãos. Até mesmo os 4.947 que decidiram votar em branco e os 5.542 que anularam. Já os 63.931 que se abstiveram de votar até podem cobrar melhorias da cidade, mas não terão tanto peso, segundo análises feitas por professores de ciência políticas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Para o analista político Álvaro Barreto, o resultado apertado nas urnas se assemelha com o que ocorreu há dois anos na disputa entre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Os partidos são os mesmos, porém Barreto não considera o mesmo nível de polarização da eleição nacional.

O professor de ciências políticas Renato Della Vechia diz que a disputa voto a voto já era projetada, pois a partir do momento que Perondi ocupa o espaço do candidato do governo atual, Fernando Estima (PSDB), ele começa a crescer. A justificativa, conforme Della Vechia, é que o segundo turno é uma eleição da rejeição.

“O candidato do PL passou a se desvincular da figura de Bolsonaro. Nesse ponto, a candidatura do PT não conseguiu identificar a marca do seu oponente com o ex-presidente, fazendo isso só na última semana”. Para o professor, foi uma eleição acirrada, mas não houve a reprodução dessa polarização.

Barreiras políticas

Álvaro Barreto considera que a pouca diferença no pleito trará um desafio maior para Marroni. “O prefeito eleito terá de atender um eleitorado que não o escolheu. Quase metade”, aponta. Isso porque com a abstenção, os brancos e os nulos, um total de 74.420 (quase um terço dos eleitores aptos a votarem) devem cobrar como cidadãos, mas sua responsabilidade será menor por não ter participação direta na escolha do novo chefe do Executivo. “Mas isso (os 49,64% que não votaram em Marroni) é circunstancial, pois a eficácia e a capacidade de gestão podem diminuir a rejeição, caso se tenha um bom governo”, analisa.

Em relação à abstenção, Della Vechia considera que o longo espaço que o Tribunal Eleitoral dispõe entre a atualização do eleitorado, seis meses, gera situações que aumentam a falta às urnas, como a mudança de endereço nesse meio tempo, ou até morte natural de eleitores. Por isso, esse será um número que nunca será zerado. Outro fator está no discurso antipolítico que leva a muitos a desmotivação e descrédito de que o sistema não irá mudar se esse ou aquele político estiver no poder.

Reforço para a região

Para os professores, o resultado das urnas em Pelotas, assim como Rio Grande, São Lourenço do Sul e Bagé, tem relação com o governo Lula, pois já mostrava esse cenário nas eleições para presidente, quando Lula teve maior votação nessas cidades. “O povo está esperançoso e investimentos federais serão muito importantes para o desenvolvimento da Zona Sul”.

Renato avalia como fundamental esse alinhamento do mapa pelos interesses em comum que as cidades têm, como por exemplo o Polo Naval, a linha de trem de passageiros entre Pelotas e Rio Grande e o turismo regional. “Fortalece para as articulações políticas pensadas para a região”, comenta.

Articulações

Esse mesmo apoio o novo prefeito não encontrará na Câmara de Vereadores e a construção será através de negociações com alguns partidos e aumentar essa minoria, ou a cada projeto apresentado. “O PL fará oposição sistemática e por convicção. Há oito vereadores que devem discutir o governo com Marroni, e dez que serão o chamado Centrão, sendo que o prefeito não conseguirá unidade em todas as questões”, aponta Della Vechia. Para o especialista, a diferença estará sempre em três votos.

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