A Delegacia de Delitos de Trânsito do Paraná ainda aguarda os laudos periciais para apontar as causas da morte de nove pelotenses da delegação do Remar para o Futuro na noite do dia 20, em Guaratuba, litoral do Paraná.
O delegado responsável, Edgar Santana, concedeu nova coletiva à imprensa e não confirma e nem descarta as hipóteses de falha humana, falha mecânica ou os dois. A Polícia Civil já ouviu o motorista da carreta com container, o pelotense Nicollas Otilio Lima Pinto, 30, o proprietário do caminhão, Heloide Longaray, e os mecânicos que prestaram atendimento.
Em vídeos repassados a canais de TV, há indícios de que dos dez freios, apenas um estava em pleno funcionamento. “Nós estamos analisando as imagens com as três paradas para efetuar os reparos. Já realizamos várias oitivas que estão contribuindo para a investigação. Mas eu preciso do exame pericial no veículo”, enfatiza o delegado.
Somente assim a autoridade policial poderá definir qual das três linhas de investigação seguirá: a de falha humana (imperícia do condutor – ou seja, ocorre quando o condutor não possui habilidade ou conhecimento técnico o suficiente para realizar certa atividade); a de falha mecânica; ou as duas, pois pela quantidade de problemas apresentados, poderia ter desistido da viagem.
Inicialmente, Nicollas Pinto está respondendo por homicídio culposo de condução de veículo automotor, quando não há intenção de matar. O delegado ressaltou ainda que o proprietário do caminhão também pode ser indiciado criminalmente, pois diante dos fatores, poderia ordenar o cancelamento da viagem para o conserto geral do caminhão ou de não ter realizado a manutenção preventiva. Além do laudo do veículo, os peritos também estão analisando os freios. “Ainda não há data para o resultado”, adiantou Santana.
Versões
Pelos vídeos, o dono da carreta – que transportava cerca de 20 toneladas em peças automotivas de Santos para a Argentina – garantiu que a manutenção era realizada regularmente. Um dos mecânicos disse que apenas foi colocar a caixa de câmbio. Na segunda manutenção falou que um fio de marchas estava solto e que “só colocou de novo”.
O motorista admitiu que ficou sem freio, que o motor apagou e que tentou “pegar no tranco”. Com isso, o veículo poderia estar a 100 quilômetros por horas em um trecho onde é permitido 60 quilômetros por hora. O advogado de Nicollas, Richard Noguera, segue com a versão de que seu cliente confia nas investigações e que as mesmas irão apontar falha mecânica.
Relembre o caso
Na noite do dia 20 de outubro, a carreta com container conduzida por Nicollas Pinto, colidiu na traseira da van e de um gol, no quilômetro 665 da BR-376, em Guaratuba, litoral do Paraná. Da equipe Remar para o Futuro de Pelotas, somente o jovem João Milgarejo, de 17 anos, sobreviveu. Outros oito passageiros e o motorista morreram com a queda do container. A turma retornava de São Paulo onde conquistaram várias medalhas para o remo pelotense.