Pacientes reclamam de precariedade de transporte em Santa Vitória
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Saúde

Pacientes reclamam de precariedade de transporte em Santa Vitória

Quem precisa de atendimento médico em outra cidade alega que veículos não têm segurança e nenhum tipo de conforto

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Atualizado sexta-feira,
25 de Outubro de 2024 às 12:51

Pacientes reclamam de precariedade de transporte em Santa Vitória
Imagens feitas por pacientes mostram situação interna e dos pneus do veículo (Foto: Divulgação)

Moradores de Santa Vitória do Palmar que precisam de tratamentos ou exames indisponíveis na rede de saúde do município temem as viagens de centenas de quilômetros até outras cidades diante da precariedade em que estariam os veículos de transporte da prefeitura.

Conforme relatos, os ônibus, com mais de 20 anos, apresentam problemas nos cintos de segurança, poltronas e inclusive teriam pneus em más condições. Nas redes sociais, dezenas de comentários denunciam a falta de cuidado com os pacientes.

A viagem mais recente que Isabel Carvalho fez em um ônibus de transporte para tratamentos fora do domicílio foi na terça-feira (22). Ela acompanha a mãe, de 82 anos, que realiza exames pré-operatórios em Rio Grande para uma cirurgia de catarata.

Alarmada com as condições do veículo em que passaram mais de 12 horas, entre a ida e o retorno, ela compartilhou um relato nas redes sociais.

“Muitos cintos de segurança não funcionam, eu tive que atar a minha mãe. O cheiro é insuportável, o estofado do ônibus é muito velho e não fazem uma higienização. Para chegar até Rio Grande é 260 quilômetros e o ônibus não tem banheiro”, lamenta.

Além da falta de segurança, os pacientes, que geralmente recorrem ao transporte porque não têm condições financeiras de custear o deslocamento, enfrentam horas de espera após os procedimentos para voltar para casa.

Outra acompanhante de paciente, Eliana Almada relata que os pneus do veículo não estariam em condições de rodagem e que na viagem de volta o ônibus teria parado de funcionar.

“Os pneus são recapados e a recapagem está caindo, soltando. Quando a gente saiu de lá, o motorista foi ligar o ônibus e não pegava, ele teve que trabalhar de mecânico no motor. É um descaso, eu já passei por várias viagens assim”, afirma.

A falta de agilidade

Como o mesmo transporte percorre várias cidades, como Pelotas, Rio Grande e São Lourenço do Sul para deixar os pacientes, as pessoas ficam em salas de espera, praças e outros espaços na rua enquanto aguardam a volta do ônibus.

“Os procedimentos ficam prontos lá pelas 11h e não tem local para que a gente fique com as pessoas que foram consultar, pessoas debilitadas, ficamos vagando até umas 16h”, diz Isabel.

Já Eliane ressalta que na espera vários pacientes chegam pela manhã e voltam para casa no final da tarde, sem almoço. “As pessoas com bolachinhas, quem vai ali é quem precisa, é pobre, aposentado, quem sofre somos nós”, diz.

O desconforto no deslocamento

Isabel relata ainda que, devido às más condições de conservação, os pacientes idosos e debilitados enfrentam viagens incômodas para a saúde física.

“Se tratando de uma viagem com pessoas que têm problemas de saúde, os bancos são extremamente desconfortáveis, já estão com buracos nos estofados, o que agrava os problemas de coluna que as pessoas já têm”, destaca Isabel.

Segundo relatos, as viagens com pacientes de Santa Vitória ocorrem pelo menos três vezes por semana. “Com a minha mãe é um período curto até fazer a cirurgia, mas tem pessoas que fazem tratamentos longos de mais de um ano”. Conforme placa de um dos veículos compartilhada em foto por paciente, o ônibus teria 25 anos.

Prefeitura afirma realizar revisões

Em nota, a Secretaria de Saúde de Santa Vitória do Palmar afirma que realiza constantemente a manutenção e a revisão de sua frota, “garantindo que todos os veículos estejam aptos a prestar um serviço seguro e de qualidade”.

Sobre o incidente relatado, a administração municipal diz que foi iniciada a apuração dos fatos e, se confirmadas as irregularidades, as devidas medidas serão adotadas.

“Esse caso em específico refere-se a um serviço terceirizado a uma empresa de transporte local. De forma imediata, a Secretaria de Saúde passará a vistoriar os veículos antes do início da viagem”, diz o texto.

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